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Do tempo do onça

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Você sabe de onde surgiu a expressão "do tempo do onça"? Mouzar nos conta sobre a origem desse termo
Você sabe de onde surgiu a expressão "do tempo do onça"? Mouzar nos conta sobre a origem desse termo - Crédito: Fotos Públicas
Vocês já ouviram falar de um tal de Luís Vahia Monteiro?

Já falei aqui sobre como surgiram algumas expressões que são ou foram muito utilizadas por nós brasileiros, e pouca gente sabe de sua origem. 
Vou falar de mais algumas, que surgiram no Rio de Janeiro e o se espalharam por outras partes do território nacional. 
Vocês já ouviram falar de um tal de Luís Vahia Monteiro?

Muito provavelmente, não. Ele começou a governar o Rio de Janeiro em 1725, era muito brabo e encrenqueiro. Arrumou encrenca com todo mundo, desde os vereadores até os religiosos da cidade. Por causa disso, pegou apelido de Onça. E é por causa dele que a gente diz que é “do tempo do onça” alguma coisa que aconteceu há muito tempo e não deixou saudade.

Outra expressão se originou com a história de um português muito esperto que veio para o Rio de Janeiro. Sem dinheiro, ele dizia que era sobrinho de um bispo que seria mandado de Portugal para cá.

Assim, ele conseguia a simpatia e, mais que isso, favores e crédito para comprar fiado o que quisesse, além de pegar dinheiro emprestado com gente que esperava cair nas boas graças do bispo, quando ele chegasse ao Rio de Janeiro. Mas o sujeito não era sobrinho de religioso nenhum. Esse tipo de golpe ficou conhecido como “conto do vigário”. E dele surgiu o termo vigarista.

Termino com uma expressão que teve origem com um nobre francês muito pão-duro e mau. Só que essa expressão não se espalhou pelo Brasil, ficou restrita ao Rio de Janeiro. Cortiços, como quase todo mundo sabe, são moradias coletivas precárias, com famílias se acomodando em apenas um cômodo. Mas no Rio de Janeiro cortiço é também chamado de cabeça-de-porco. Por que isso?

O Conde D’Eu, marido da Princesa Isabel, era um sujeito muito ruim e aproveitador. Maltratava muita gente. 
Ganancioso, ele tornou-se dono de um grande cortiço em que moravam centenas de pessoas. Em cima do portal de entrada desse cortiço havia a escultura metálica de uma cabeça de porco.

Daí, dizia-se que o pessoal dali morava no “cabeça-de-porco”, e logo a expressão virou sinônimo de cortiço.
Pois é, morador de palácio muitas vezes é explorador de pobres que não têm onde morar. Isso não faz lembrar de alguns moradores de palácios que temos no Brasil nos dias de hoje?

Edição: Camila Salmazio