Pernambuco

ELEIÇÕES 2018

Questões trabalhistas dão tom ao debate para o Governo de Pernambuco

Armando Monteiro acusou o governador de mudar de posição sobre Reforma Trabalhista

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Participaram do debate Paulo Camara (PSB), Armando Monteiro (PTB), Maurício Rands (PROS) e Dani Portela (PSOL).
Participaram do debate Paulo Camara (PSB), Armando Monteiro (PTB), Maurício Rands (PROS) e Dani Portela (PSOL). - Comunicação/PSOL

Nesta terça-feira (25) foi realizado o primeiro debate televisivo desta eleição entre os candidatos ao Governo de Pernambuco. A situação do trabalho e as recentes mudanças na legislação trabalhista foram temas muito falados pelos postulantes ao Palácio do Campo das Princesas.

Realizadora do debate, a TV Jornal convidou os quatro candidatos cujos partidos possuem cinco ou mais deputados federais, como exige a legislação eleitoral. Participaram o governador e candidato à reeleição Paulo Câmara (PSB), o senador Armando Monteiro (PTB), o empresário Maurício Rands (PROS) e advogada Dani Portela (PSOL). Ficaram de fora Julio Lóssio (Rede), Ana Patrícia Alves (PCO) e Simone Fontana (PSTU).

Já no início do debate o senador Armando Monteiro usou o tempo de apresentação para dizer que foi "vítima de um conjunto de agressões covardes e grosseiras". Sem entrar em detalhes, o petebista alegou que foi alvo do chamou de "acusações caluniosas" contra sua família. A matéria de capa da edição do BdF Pernambuco que foi para as ruas na última sexta-feira (21) trazia um compilado de ações e condenações em processos movidos pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) contra familiares de Monteiro. Mais de 1.400 trabalhadores já foram resgatados em situação degradante em terras da família, especialmente no estado do Mato Grosso.

Já no primeiro bloco, com um candidato podendo perguntar livremente a um dos adversários, o governador Paulo Câmara questionou Armando Monteiro por ter votado a favor da reforma trabalhista do governo Temer. "Você é a favor do fim dos 30 dias de férias, de permitir que mulheres grávidas trabalhem em locais que não lhes faz bem e que trabalhadores recebam menos que um salário mínimo?", provocou. Armando Monteiro não se posicionou, mas atacou Paulo Câmara. "Paulo já foi a favor da Reforma Trabalhista e tem ao seu lado Jarbas Vasconcelos (MDB), que votou a favor dessa reforma. Paulo muda de posição ao sabor das circunstâncias, é um camaleão".

O senador repetiu uma máxima dos que defendem a Reforma Trabalhista: "o maior direito do trabalhador é o emprego". Camara se defendeu afirmando que foi contra a reforma. "Entendemos que os direitos dos trabalhadores não poderiam ser retirados da forma que foi. Sou contra essas coisas que foram aprovadas por esse presidente Temer e que contou com seu voto", disse o governador.

Num outro momento a candidata do PSOL ao Governo também questionou o senador sobre a reforma trabalhista, avaliando que a medida "rasgou a CLT [Consolidação das Leis Trabalhistas]". Desta vez Armando se posicionou abertamente em defesa da Reforma Trabalhista. "Essa questão está sendo tratada de forma enviesada. A diminuição no tempo de férias e no horário de almoço não são obrigatórias", disse. Já na avaliação da advogada, "a reforma vai aprofundar as desigualdades, precarizar o trabalho e dificultar a permanência das pessoas no trabalho".

O candidato Maurício Rands (PROS) também protagonizou um embate contra o senador Armando Monteiro (PTB), ao provocá-lo sobre a eleição presidencial. "Armando, quero saber quem é seu candidato a presidente. Antes você dizia que era Lula, mas Lula não é mais candidato; você faz campanha usando uma estrela desbotada, mas tem no seu palanque até o partido de Bolsonaro", provocou o ex-deputado. Monteiro disse que tem em seu palanque partidos com quatro candidatos a presidente diferentes, mas não disse qual é o seu. "Não preciso de uma muleta. Fiz minha vida sem padrinhos", disse o senador, que é filho de político.

Rands e Dani Portela também debateram a Parceria Público Privada (PPP) da Compesa, no saneamento. O empresário disse que para universalizar o acesso a saneamento no estado só com recursos públicos levaria 60 anos. "Por isso a ideia de atrair recursos privados é correta. Mas o formato atual é que está errado. Precisamos que empresas idôneas e com experiência assumam a parceria". No formato atual da PPP, a empresa BRK Ambiental pelas obras, com previsão de cobertura de 53% do estado até 2025 e 90% até 2037, com custo de quase R$ 7 bilhões.

Dani Portela criticou a PPP, avaliando que os direitos da população não podem estar submetidos à lógica do lucro de empresários. "Um estado mínimo não garante os direitos das pessoas", disse. Mas se disse a favor de reduzir os cargos comissionados, dando preferência a concursos públicos. No embate com Paulo Camara, o governador se defendeu. "Os cargos comissionados ocupam menos de 1% da nossa folha".

Ao longo do debate, Armando Monteiro criticou os números da educação em Pernambuco, mas foi rebatido pela candidata do PSOL, que lembrou que o candidato a senador Mendonça Filho (DEM), apoiado por Armando, foi o ministro da Educação do governo Temer e responsável pela Reforma do Ensino Médio, que desobriga as escolas a darem aulas de sociologia e filosofia. "O papel da escola é formar um cidadão crítico e participativo, sem mordaça", disse, criticando a reforma.

Este foi o terceiro de quatro debates com a presença dos principais candidatos. O próximo e último ocorre no dia 2 de outubro, à noite. O primeiro debate se deu na Rádio Jornal Caruaru, no dia 22 de agosto; seguido pelo debate da Rádio Liberdade de Caruaru, já no dia 18 de setembro. Nesta quinta o debate foi transmitido ao vivo das 11h às 12h45.

Edição: Monyse Ravena