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PAPO ESPORTIVO | Por que falar de esportes?

O esporte já salvou muitas vidas, move multidões no mundo todo e para até guerras

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O Santos de Pelé parou uma guerra no final dos anos 1960
O Santos de Pelé parou uma guerra no final dos anos 1960 - Ricardo Stuckert / CBF
O esporte já salvou muitas vidas, move multidões no mundo todo e para até guerras

No longínquo mês de janeiro do ano de 1969, o lendário time do Santos se preparava para realizar uma excursão pela África. Só que Pelé, Joel Camargo, Lima, Toninho Guerreiro e companhia se depararam com uma situação extremamente complicada. O antigo Congo Belga estava em meio a uma guerra envolvendo as forças de duas grandes cidades: Kinshasa e Brazzaville. Com receio do que pudesse acontecer, os dirigentes santistas pensaram em cancelar a visita ao país, mas o carinho da população e a vontade de ver o Rei em pessoa era tão grande que um acordo de paz foi costurado para que o Santos pudesse jogar.

No dia 19 de janeiro, o Santos venceu um combinado de Brazzaville por 3 a 2 com dois gols de Pelé. No dia 21, o Peixe venceu a seleção B do Congo por 2 a 0 em Kinshasa. E no dia seguinte, os comandados de Antoninho foram derrotados por 3 a 2 pela seleção A do Congo (que havia sido campeã africana em 1968) também em Kinshasa. Pelé marcou os gols do Peixe. O conflito foi retomado assim que a delegação santista entrou no avião e levantou voo. Mas isso é o que menos importa. Durante quatro dias vimos uma das regiões mais tensas do mundo parar uma guerra para ver um jogo de futebol.

Você deve estar se perguntando por que eu contei essa história. Bom, caro amigo, acho que eu não preciso falar do poder que o esporte tem. Não falo apenas do futebol. Falo de todos. Difícil encontrar uma só pessoa que não conheça uma história de superação envolvendo o assunto desta coluna. Ele move multidões no mundo todo. E para até guerras.

Mas não pensem que eu falo apenas do chamado esporte de alto rendimento onde os atletas abem mão de uma porção de coisas em busca do melhor tempo, da melhor nota ou do gol do título. Falo daquela pelada que você joga no final de semana com seus amigos antes do churrasco. Falo da escolinha de vôlei, natação, basquete e/ou atletismo que seus filhos devem fazer na escola. Falo de pessoas que tiveram suas vidas salvas pelo esporte. Pessoas que teriam tomado um caminho bem diferente daqueles que eu e você conhecemos hoje.

É por isso que eu falo de esportes. É por isso que eu escolhi falar de esportes. Por que eles salvam e mudam vidas. Esporte é educação, é saúde, é cidadania.

No próximo domingo (7) eu, você e toda a população brasileira vamos votar para presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. E é aí que eu pergunto: você já parou pra ver se o seu candidato tem propostas para o esporte? Mais uma vez, não estou falando de PROFUT’s ou qualquer outro meio de sanar as dívidas trabalhistas dos clubes. Falo da fomentação e do incentivo à prática desportiva. Pesquise e cobre deles posturas mais claras sobre isso. E corra da chamada “bancada da bola” como o tinhoso corre da cruz. É o conselho que eu posso te dar. Por experiência própria.

Eu falo sobre esportes porque acredito que eles devem fazer parte de qualquer programa de governo. Amigo, o esporte previne doenças, deixa a pessoa mais feliz e ainda serve pra exercer a cidadania. Quer melhor maneira de melhorar a saúde da população a médio prazo?

O futebol já parou guerras, o atletismo deu voz aos oprimidos, o judô tirou pessoas da criminalidade, o vôlei e o basquete valorizaram as mulheres, a natação transformou os portadores de deficiência física em heróis. É por isso que eu sempre vou falar dele e sempre vou defendê-lo. Custe o que custar.

Vote certo no dia 7. Nos encontramos na zona eleitoral.

Edição: Jaqueline Deister