Milhares

Argentinos protestam contra corte no orçamento e são reprimidos pela polícia

Câmara de Deputados vota proposta orçamentária para 2019, baixo exigências do FMI; grande ato ocorre em Buenos Aires

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Milhares de argentinos protestam ao redor do Congresso, blindado por policiais
Milhares de argentinos protestam ao redor do Congresso, blindado por policiais - Reprodução

Enquanto os parlamentares da base de apoio do presidente argentino, Mauricio Macri, buscam na Câmara de Deputados a aprovação do Orçamento 2019, milhares de pessoas se concentravam fora do Congresso, em Buenos Aires, para protestar contra o projeto. Nesta quarta-feira (24), a Casa vota a proposta orçamentária formulada para satisfazer as imposições do Fundo Monetário Internacional (FMI) em troca de empréstimo de US$ 50 bilhões ao país.

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Com um forte esquema de segurança, o Congresso foi blindado e atuou com violência contra a manifestação, convocada por organizações populares, sindicais e políticas. Até o final da tarde, ao menos 26 pessoas foram detidas pela Polícia Federal e a Polícia da Cidade, entre elas comunicadores populares, sindicalistas e ativistas.

Nacho Levy, Gonzalo Matías Zamudio, Francisco Pandolfi e Lucas Manuel Zunino são alguns dos detidos. Eles são comunicadores da revista La Garganta Poderosa e estavam finalizando a cobertura do ato quando foram abordados pela polícia a 15 quadras do Congresso.

A mobilização pela tarde foi dispersada pela polícia, mas os manifestantes, que responderam às bombas da polícia com pedras, se dirigiam para onde levaram os detidos para exigir sua libertação e também há a possibilidade de mais atos pela noite.

Os protestos contra o Orçamento 2019 iniciaram na terça-feira (23) com um “merendazo”, um ato público com distribuição de merendas, organizado pela Confederação de Trabalhadores da Economia Popular (CTEP), a Corrente Classista Combativa (CCC) e a Bairros de Pé.

Nesta quarta, somam-se à mobilização os sindicatos da Central de Trabalhadores da Argentina (CTA) e sua corrente Autônoma (CTA-A), além dos grêmios da Corrente Federal. Na mesma data, os bancários realizaram uma paralisação parcial, na zona metropolitana de Buenos Aires, e os professores promoveram uma greve durante todo o dia.

Proposta orçamentária

A educação é uma das áreas mais afetadas pelos cortes orçamentários, como nas obras de infraestrutura da pasta, que não receberiam nenhum aumento, ou seja, tendo em conta a inflação projetada para 2019, teriam uma redução real de 23%.

Além disso, o governo pretende reduzir em 7% os gastos em obras públicas, na comparação com este ano, o que representa uma diminuição real de cerca de 30%, de acordo com a inflação do próximo ano.

A inflação projetada em 2018 foi de 42%, para o ano seguinte o esperado é em torno de 23%.

Ainda que o projeto do Orçamento aponte que as tarifas de serviços serão reajustadas abaixo da inflação, no caso da energia elétrica, o Ministério da Fazenda prevê um ajuste de 30% entre janeiro e fevereiro de 2019, como “recomposição deste ano”. Posteriormente, começaria a subir de acordo com a pauta inflacionária. Para o gás, confirmaram 30% de aumento para outubro e logo se ajustaria à inflação.

A sessão na Câmara dos Deputados que vota o Orçamento 2019 começou pouco depois das 11h, horário de início estipulado. A previsão é de um debate longo que irá ultrapassar a meia-noite. A coligação governista Cambiemos disse que tem o número suficiente de votos para aprovar o projeto. A oposição põe em dúvida essa contagem.

Parlamentares opositores e movimentos populares criticam o Orçamento 2019 denunciando que ele foi formulado baixo as exigências do FMI para pagamento da dívida e que as medidas de austeridade impactarão diversas áreas públicas.

Confira as fotos de El Grito del Sur:

*Com informações do Página 12, da Marcha Notícias e da teleSUR.

Edição: Vivian Neves Fernandes