Minas Gerais

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Apesar de resultado desfavorável nas eleições, frentes apontam ações para futuro

Plenária para organizar a resistência em Minas Gerais reúne mais de 80 entidades

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
No último dia 30, encontro reuniu mais de 350 pessoas de 88 entidades
No último dia 30, encontro reuniu mais de 350 pessoas de 88 entidades - Foto: Reprodução/Frente Brasil Popular

Em plenária unificada, as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo reuniram, no último dia 30, mais de 350 pessoas de 88 entidades, em Belo Horizonte. Em pauta, estavam análises dos resultados das eleições e um plano de ação.

O governador recém-eleito, Romeu Zema, do Novo, se posicionou publicamente como eleitor de Bolsonaro e seu plano de governo traz propostas pareadas com as do presidente eleito, como a privatização de empresas públicas e a retirada de direitos sociais. Para Beatriz Cerqueira, eleita deputada estadual pelo PT e integrante da Frente Brasil Popular, o próximo período vai exigir muita disposição, luta e organização popular. “Corremos o risco de tornar a política um espetáculo, como o Big Brother. E isso é muito grave, porque quando você desqualifica a política, você está desqualificando a coletividade, a representatividade e a organização”, avalia.

Durante toda a campanha Zema afirmou que pretende vender estatais, como a Cemig e a Copasa, além de privatizar a saúde e a educação. Nas primeiras entrevistas após a vitória, o governador recém-eleito já anunciou a fusão das secretarias de Administração Prisional com a pasta de Segurança Pública e também da Agricultura com a de Meio Ambiente.

Com essa proposta de administração agressivamente privatista e de desmonte dos direitos sociais, os mineiros devem construir uma grande agenda de lutas e mobilizações. É o que afirma Joceli Andrioli do Movimento dos Atingidos por Barragens. “Em Minas temos um amplo movimento de resistência. Aqui no estado nós temos algumas âncoras institucionais que proíbem as privatizações das empresas públicas, como [a necessidade de] plebiscito popular e aprovação na Assembleia.  Então não tenhamos dúvidas que esse governo terá muitas dificuldades para implementar todas essas propostas que ele tem prometido”, pondera.

No próximo dia 5, o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, que causou a contaminação de toda Bacia do Rio Doce, completa 3 anos. A tragédia deixou para o Brasil as feridas abertas do maior crime socioambiental do mundo: injustiça e impunidade. “Esse é um crime que não pode ser esquecido porque ele explicita na prática o que é a privatização de uma empresa pública, o desmonte e a fragmentação da legislação ambiental e a falta de fiscalização do Estado. Nós não podemos permitir a privatização de nenhum setor estratégico como a energia, a mineração e os recursos hídricos. Então é importantíssimo que a população não permita que nossos bens sejam privatizados”, declara Joceli.

Ações para o próximo período

Um dos encaminhamentos da plenária foi a reabertura da tenda da democracia na Praça Sete. Também estão previstas a criação de comitês para atuação nas periferias da capital. A próxima data de luta dos movimentos é a Marcha de 3 anos do crime cometido na bacia do Rio Doce. Também está prevista a construção de um ato unificado para o próximo dia 20, Dia da Consciência Negra.

Frente nacional antifascista

Como resposta imediata de resistência contra as ameaças de Jair Bolsonaro - como a criminalização de movimentos populares -, as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo já articulam a criação de uma Frente Nacional Antifascista.  As Frentes também preparam uma greve geral para barrar a aprovação da contrarreforma da Previdência.

Outro setor que também já foi atacado na primeira semana após o resultado eleitoral foi a educação. Nesta semana a deputada eleita pelo PSL de Santa Catarina, Ana Carolina Campgnolo, criou um canal de denúncias anônimas contra os professores. Além disso, um vídeo de Bolsonaro ameaçando professores progressistas da Fundação João Pinheiro também circulou nas redes sociais nesta semana. Em resposta, sindicatos, movimentos estudantis e populares vão organizar para o próximo período uma rede de luta unitária em defesa da educação.

Com a série de ataques que a esquerda vem enfrentando, também foi ventilada na plenária unificada a possibilidade da criação de uma rede de juristas em defesa dos direitos humanos e contra as perseguições e violências políticas.

Edição: Joana Tavares