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PAPO ESPORTIVO | Final da Libertadores em Madrid é um tapa na nossa cara

Já estão chamando o torneio de "Copa Colonizadores da América"

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Boca Juniors e River Plate jogam a decisão no Estádio Santiago Bernabéu, em Madrid
Boca Juniors e River Plate jogam a decisão no Estádio Santiago Bernabéu, em Madrid - Reprodução / Facebook / Conmebol Libertadores
Já estão chamando o torneio de "Copa Colonizadores da América"

Caro amigo, vamos fazer que nem as crianças e brincar de “faz de conta”. Vamos fazer de conta que Flamengo e Vasco estão na final da Copa Libertadores da América e que o mundo inteiro anseia pelo Clássico dos Milhões mais importantes de todos os tempos. No entanto, as torcidas rubro-negra e vascaína entraram em conflito nos arredores do Maracanã e quase provocaram uma tragédia antes da decisão começar. O jogo é suspenso por falta de segurança e a “solução” da Conmebol é transferir a decisão para o Estádio da Luz, em Lisboa, capital de Portugal.

Nem preciso dizer que torcedores de Fla e Vasco ficariam meio “pistolas” com essa determinação, não é? Bom, foi mais ou menos isso que a Conmebol fez com a final da Libertadores de 2018. O jogo que vai decidir o campeão sul-americano saiu do Monumental de Núñez e foi remarcado para domingo (9) no Santiago Bernabéu, casa do… Real Madrid. Pois é. Na Espanha, meu amigo. Não foi por acaso que surgiram memes e zoações na internet dizendo que a competição mudaria de nome para Copa Colonizadores da América...

Essa decisão é errada de tantos jeitos que eu nem sei direito por onde começar. Ela é um verdadeiro tabefe na cara de quem ama o futebol e estava doido para ver dois clubes do tamanho de Boca Juniors e River Plate decidindo o torneiro mais importante das Américas. É a maior prova da nossa incapacidade de fazer o simples: organizar um jogo de futebol e se comportar de maneira digna nos arredores e dentro dos estádios.

Amigo, você pode falar que a rivalidade entre os dois finalistas é muito grande, que as duas torcidas se provocam o tempo todo, que na Argentina é diferente e outras coisas. Mas nada tira da minha cabeça que nós, torcedores (sim, estou me incluindo nessa), somos os maiores responsáveis por toda a baderna que tomou conta dos estádios e arenas. A gente simplesmente não sabe se comportar. E em determinados locais (como a Argentina) a situação piora demais. Como cobrar retidão de CBF, Conmebol e FIFA se o torcedor age como se estivesse no Circo Romano? Rivalidade é uma coisa. Babaquice é outra.

E ainda existe a Conmebol que prefere passar a mão na cabeça deste ou daquele clube (por conta de prestígio, contratos ou sei lá o quê) em detrimento de outros. A maneira como ela “passou pano” no caso do técnico Marcelo Gallardo que, mesmo suspenso, apareceu no vestiário do River Plate durante a semifinal contra o Grêmio (e ainda zombou do fato diante da imprensa) resume bem o que a entidade que comanda (???) o futebol sul-americano anda fazendo com a modalidade. Muito interesse e pouca coisa que preste. Em vez de cobrar das autoridades argentinas e dos próprios clubes que os marginais sejam enquadrados nos rigores da lei, “passam pano” no que aconteceu em Buenos Aires e anda exaltam a “rivalidade” dos torcedores.

Na boa, isso é uma tremenda bifa na nossa fuça.

Qual será a próxima atitude genial da Conmebol? Como se já não bastassem as denúncias de corrupção, os escândalos que eu e você acompanhamos no noticiário e tudo mais que aconteceu nos últimos anos (com presidente de entidade indo parar atrás das grades), ela me inventa mais essa. Mas também não podemos tirar a culpa de quem joga pedra no ônibus do time rival e de quem alimenta esse tipo de barbaridade.

A verdade, meu amigo, é que nós estamos nos afastando do verdadeiro espírito esportivo e alimentando nossos próprios monstros.

Edição: Jaqueline Deister