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Horta escolar é usada como reforço para alimentação saudável

Pedagoga explica que além de útil para o aprendizado, experiência enriquece a questão de pertencimento dos alunos

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ONG É Com Amor implantou 23 hortas orgânicas em escolas e espaços públicos para estimular conscientização ambiental e alimentação saudável. 
ONG É Com Amor implantou 23 hortas orgânicas em escolas e espaços públicos para estimular conscientização ambiental e alimentação saudável.  - Foto: Divulgação Colégio Estadual Jayme Câmara
Pedagoga explica que além de útil para o aprendizado, experiência enriquece a questão de pertencimento dos alunos

Cozinhar é um ato de amor que, aliado a alimentos fresquinhos retirados de uma horta, traz ainda mais sabor ao prato. Além do paladar, cultivar e produzir alimentos beneficia a saúde, sem falar na importância da interação entre quem planta e a terra. Desde setembro de 2016, um projeto desenvolvido em Goiânia (GO) e região metropolitana, pela ONG EComAmor, promove instalações de hortas em escolas e espaços públicos. Ao todo foram implantadas 23 hortas orgânicas com o objetivo de levar conscientização ambiental e alimentação saudável. 

Cara da comunidade

A horta é implantada sem qualquer custo para as escolas. As únicas contrapartidas são a promoção de reuniões com os pais, a fim de engajar a comunidade local, e o fornecimento de almoço em dois mutirões realizados durante o ano. A variedade das plantas é escolhida após visitas de técnicos que avaliam as necessidades da instituição e os tipos mais adequados.

“Se a escola tem mais foco medicinal, terapêutico, a gente mescla com as hortaliças, mas em geral são mais folhas, raízes, e também procuramos plantar árvores frutíferas. Nunca chegamos com o modelo pronto, é tudo construído de acordo com as necessidades e com o espaço da escola. Para 2019, pretendemos colocar produção de coisas mais comuns na dieta brasileira como milho, feijão e mandioca”, explica a fundadora e presidente da ONG, Jordana Mendonça.

"Folhas, raízes e também procuramos plantar árvores frutíferas”, explica a presidente da ONG, Jordana Mendonça. | Foto: Divulgação Colégio Estadual Jayme Câmara

Para este ano, dez escolas municipais e estaduais foram escolhidas para participar do projeto, que consiste na instalação da horta e na formação continuada sobre como cuidar das plantas. No início, a ideia era aproveitar um espaço ocioso da escola para transformá-lo em espaço produtivo de oferta de alimentação mais nutritiva às crianças. Muitas vezes, as crianças recebem apenas essa refeição durante o dia, porém, ao longo do tempo, a ideia transformou-se em uma ação pedagógica. 

Ensino-aprendizagem

Na Associação de Serviço à Criança Especial de Goiânia, os educadores utilizam a horta como ferramenta para auxiliar no ensino-aprendizagem com as crianças. A pedagoga Renata da Silva Oliveira percebeu o quantos os alunos superaram suas dificuldades após a horta. “Nós deixamos eles pegarem algumas ferramentas, pá pequenas, aguar, plantar outras mudinhas, foi surgindo essa forma pedagógica e depois a gente leva para a sala em forma de história e paródias de músicas porque a gente percebeu que lá estava fluindo a questão da mente dele, o cognitivo deles”.

A coordenadora pedagógica do Colégio Estadual Jayme Câmara, Hadassa Freire, conheceu o projeto da ONG em 2018 por meio de uma colega de trabalho. Foi cedido então um espaço de terra fértil para a plantação, que logo teve de ser ampliado. Para este ano, os planos incluem outras variedades de tempero e hortaliças, como cebolinha e couve. Os alimentos colhidos na horta são utilizados na merenda escolar dos alunos. 

Alunos se alimentam de forma saudável, aprendem a plantar, cuidar, e levam para a sala de aula estórias e músicas. | Foto: Divulgação Colégio E. Jayme Câmara

“Além de a horta ser útil do ponto de vista pedagógico para as aulas e para a questão de pertencimento dos alunos da escola, ela também estimula a alimentação saudável, conhecimento de certas plantas que eles não têm hábito de consumir, eles ficam mais propensos a consumirem, experimentam e gostam. E eles têm contato com a questão do orgânico inserido no contexto urbano”, ressalta a pedagoga. 

Para os alunos, a iniciativa é nota dez. Roberth Gabriel, por exemplo, diz que já tinha contato com as plantas, por meio de sua família, mas aprendeu outros cuidados para mantê-las vivas. “Essa maneira de ter horta no colégio aproxima alunos, professores e todos que moram perto”.

Edição: Cecília Figueiredo