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Visibilidade e autonomia de ceramistas do Alto Vale do Ribeira

Sempre-Viva Organização Feminista acompanha trabalhos de artesãs e agricultoras

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Ceramistas de Apiaí mostrando sua produção
Ceramistas de Apiaí mostrando sua produção - Reprodução
Sempre-Viva Organização Feminista acompanha trabalhos de artesãs e agricultoras

No Distrito de Encapoeirado, na Região do Alto Vale do Ribeira, em São Paulo, dezenas de mulheres mantém a tradição ancestral da cerâmica e sustentam suas famílias com o artesanato feito da argila. 

Elas confeccionam panelas, assadeiras e vasos com a técnica de rolinhos, sem uso de torno ou outras máquinas, como explica a agricultora e ceramista há dez anos Marina Gomes da Rosa Cordeiro 

"Eu gosto muito de trabalhar com esse material, com a argila e gosto muito desse tipo de processo, que nunca usamos torno, até pra nós manter mesmo a tradição da região, que aqui o artesanato tradicional era feito com essa técnica e nós preferimos manter essa técnica de fabricação", diz Marina.

Marina faz parte da Copavi, Cooperativa Agroindustrial do Alto Vale do Ribeira, cultiva hortaliças, frutas e conta um pouco da vivência e da autonomia existente no grupo:

"A importância do trabalho aqui pra nossa região foi que a gente conseguiu resgatar uma tradição que estava se acabando, já tinha bem poucas pessoas fazendo,bem esporadicamente esse trabalho com a argila, que é uma coisa bem antiga que tava se perdendo", explica.

Sheyla Saori, da Sempre-Viva Organização Feminista fala sobre o trabalho que desenvolve com diversos grupos produtivos de mulheres de Apiaí, entre eles o grupo de Marina:

"Nosso trabalho é focado numa assessoria processual a esses grupos, trabalhando a autonomia, geração de renda, tudo isso através da agroecologia, com alguns princípios que a gente também estabelece como metodologia de trabalho, que é divisão sexual do trabalho e economia feminista", fala.

Saori ressalta a dificuldade do reconhecimento do trabalho das ceramistas e o papel da SOF para mudar este conceito:

"As atividades produtivas que as mulheres exercem nos seus grupos produtivos, geralmente eles não são vistos como parte de uma renda dentro de uma casa, dentro da família, dentro da própria comunidade, em organizações que elas fazem parte. São trabalhos invisibilizados e uma das propostas do nosso trabalho é também trazer essa visibilidade e fortalecer os grupos, pra que elas possam ir criando autonomia a partir de seus locais. E conseguindo tratar das questões cotidianas pra enfrentar alguns desafios, como principalmente a questão da geração de renda, de uma maneira mais autônoma.", comenta Saori. 

A artesã Marina comenta com alegria sobre a expansão das atividades e o alcance da cerâmica de Apiaí a nível nacional, almejando um dia exportar seu trabalho e o de tantas outras mulheres.

"Nós vendemos pra outros estados, mas pretendemos crescer cada vez mais", pontua.

Pra quem quiser conhecer um pouco mais do trabalho de Marina e de outras ceramistas é só acessar o site www.ceramicadeapiai.com.br, enviar um email para [email protected] ou ligar para o número DDD 15 99707-2203.

Edição: Guilherme Henrique