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Espaço urbano promove educação em agroecologia em Salvador

“Na CasAmarela, a gente pratica agricultura urbana de forma educativa"

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Rebeca Barros e Jorge Mutante são organizadores da Feira na Horta, que acontece semanalmente na CasAmarela
Rebeca Barros e Jorge Mutante são organizadores da Feira na Horta, que acontece semanalmente na CasAmarela - Vitor Taveira
“Na CasAmarela, a gente pratica agricultura urbana de forma educativa"

Próximo à famosa Praia de Itapuã, em Salvador, a Casa AmarEla traz para o ambiente da cidade experiências de agroecologia. O espaço, de permacultura urbana com práticas de agricultura em pequena escala, também abriga atividades de terapias integrativas, cursos, vivências e uma feira de alimentos agroecológicos.

Um dos idealizadores da Casa AmarEla, Jorge Mutante, ajudou a transformar a casa da família dele num espaço coletivo. Ele explica o que vem sendo feito no local.

“Aqui a gente pratica agricultura urbana de forma educativa. Não temos área para produzir grandes quantidades para alimentação de pessoas a não ser da nossa própria e mesmo assim ainda temos que comprar muitas coisas”.

O espaço possui árvores e canteiros de produção que servem para mostrar para os moradores da cidade sobre a origem as plantas.

Entre as diversas práticas associadas ao plantio estão a compostagem e minhocário para a produção de adubo. Ele é necessário para o cultivo na área que, pela proximidade com a praia, está num ecossistema de restinga e areia, como explica Jorge.

“A gente começou a estudar a questão do minhocário e da compostagem para potencializar os nossos resíduos. Antes a gente enterrava os resíduos orgânicos e podas. (...) Quando a gente descobriu que podia potencializar nossos recursos para aumentar absorção das nossas plantas, transformar eles em outra coisa para que nossas plantas possam utilizar, porque quando a gente composta e faz adubo e húmus de minhoca, a gente já adianta um lado, já digere matéria orgânica e torna ela acessível para as plantas”.

Outra experiência que ajuda não só a horta mas também todo o entorno é a criação de abelhas nativas sem ferrão, atividade coordenada pela bióloga Isabel Froes Modercin.

"A gente só cria espécies que são nativas, que ocorrem aqui na região, tem jataí, tem iraí, tem uruçu. (...). Então a gente realiza oficinas para adultos e crianças, primeiro para divulgar que essas abelhas sem ferrão existem e são as abelhas nativas daqui (...) depois falar da questão da polinização (...) as abelhas são espécies chave nisso tanto para polinização das plantas nativas e manutenção dos ecossistemas naturais (...) quanto para agricultura”.

A Casa AmarEla recebe visitas de escolas, universidades e outros grupos. E abriga também uma feira orgânica. Como a produção própria é pequena, o local estabeleceu parceria com outros produtores, como a Associação de Produtores Rurais Orgânicos de Conceição do Jacuípe, que trazem alimentos frescos a cada manhã de sábado. Mas o momento vai para além da compra e venda, como explica uma das coordenadoras da chamada Feira na Horta, Rebeca Barros

"A feira tem se conformado como uma grande praça em que as pessoas se encontram para trocar experiências, encontrar amigos, pessoas com interesses em comum, levar crianças para brincar, fazer passeio na horta, tomar um café da manhã”.

Moradora de Itapuã, Vassiliki Azevedo é uma das frequentadoras assíduas.

“Eu venho toda semana para poder comprar o que eles oferecem, ainda que às vezes seja pouco mas pra mim já é importante uma comida sem agrotóxico, uma comida natural, uma comida mais saudável para a família, para mim. E eu gosto também do ambiente, as pessoas que além da feira oferecem outro tipo de produtos ligados a uma vida daquela que a gente costuma viver, natural”.

Outros parceiros oferecem na Feira produtos como bolo de milho caseiro e cafezinho da Chapada Diamantina, produtos aromaterápicos, cosméticos naturais, produtos sustentáveis de bambu e cogumelos, cultivados por um vizinho do bairro.

* Reportagem: Vitor Taveira

Edição: Daniela Stefano