Paraná

Outras narrativas

Nena Inoue, a memória e o direito à verdade nos palcos

Atriz e diretora, se interessa pelo humano, pelas histórias das pessoas, por pensar o nosso tempo.  

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Em "Para não morrer", a vontade de Nena era falar de vozes femininas, de histórias verídicas.
Em "Para não morrer", a vontade de Nena era falar de vozes femininas, de histórias verídicas. - Marcelo Almeida

Há 40 anos, Nena Inoue, atriz, diretora, produtora, mãe de dois filhos, ocupa os palcos contando histórias. São tantas que a percorrem e a atravessam que o caminho foi inevitável: “Comecei a trabalhar com teatro pelo meu desejo e meu reconhecimento enquanto cidadã no mundo. Era um lugar onde me sentia bem, me sentia eu, onde posso expressar quem eu sou e, de alguma forma, transformar o outro”, conta.  

Para Nena, todo ser um humano é artista: “Devíamos trabalhar o princípio de que o exercício artístico, o bem artístico, ele tem que ser, ele deveria ser natural e acessível a todos. É importante que a arte não seja só para a elite, um lugar inalcançável, ela nos permite um olhar sobre o mundo e expressá-lo subjetivamente para o coletivo”.

Por isso se interessa pelas histórias das pessoas, por pensar o nosso tempo: “Tem me movido muito a memória, o direito à verdade que foi negado ao nosso povo, por isso estamos onde estamos, por isso elegemos um político que publicamente homenageia um torturador, porque o Brasil não reconhece a ditadura, a  escravidão, não reconhece o genocídio”. 

Nesse sentido, em uma das mais recentes peças de Nena, “Para não morrer”, ela evoca mulheres latino-americanas, inspirada no livro “Mulheres”, de Eduardo Galeano, com dramaturgia de Francisco Mallman.  

“Minha vontade era falar de vozes femininas, de histórias verídicas. Essas mulheres passaram por histórias de opressão e reagiram, transgrediram. Faço esse espetáculo com muito prazer, para trazer a voz e as memórias dessas mulheres para hoje, porque se a gente não entender o que veio antes, não vai entender o que estamos vivendo”, finaliza. 

 

 

 

Edição: Frédi Vasconcelos