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Agricultores do Recôncavo Baiano levam alimentos saudáveis para moradores da região

Assentamento Paulo Cunha, do MST, produz 117 toneladas de alimentos por ano

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Famílias do Assentamento Paulo Cunha recebem a visita do cantor Caetano Veloso
Famílias do Assentamento Paulo Cunha recebem a visita do cantor Caetano Veloso - Jonas Santos
Assentamento Paulo Cunha, do MST, produz 117 toneladas de alimentos por ano

Santo Amaro é uma cidade do Recôncavo Baiano, conhecida por ter dado ao Brasil dois de seus grandes artistas, os irmãos Maria Bethânia e Caetano Veloso.

Além de marcar presença em algumas das composições dos cantores, o município também abriga 170 famílias do assentamento Paulo Cunha, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST.

A primeira ocupação da área, aconteceu em 2005. Três anos depois, as famílias viram seu direito à moradia sendo respeitado com a assinatura da portaria de criação do assentamento.

Antes da chegada dos agricultores do MST, a região estava abandonada. Hoje, os frutos dessa terra garantem a sobrevivência dos moradores do local, que produzem, principalmente, bananas, mandioca e frutas cítricas. Uelton Pires é um desses produtores e conta que eles não recebem nenhum tipo de apoio ou financiamento governamental para ajudar no trabalho do assentamento.

"Nós estamos há 14 anos, entre acampamento e assentamento, não pegamos nenhum tipo de crédito, nem habitação nós pegamos ainda, não conseguimos acessar nem o crédito de habitação, nem Pronaf, nem crédito de apoio nenhum. Então, o que nós produzimos lá é com recurso próprio", diz.

Apesar das dificuldades e da falta de incentivo do governo, Pires explica que os assentados do Paulo Cunha decidiram começar a adotar as técnicas da agroecologia na produção diária de seus produtos. "Há um processo de transição. Nós estamos há cinco anos, debatendo a agroecologia, onde 50% das famílias já abraçaram  a causa e os outros companheiros estão no processo de transição", conta.

O agricultor, que tem foco na produção de banana prata, aipim, laranja, quiabo e hortaliças no geral, fala dos benefícios dessa forma de cultivar, que respeita os processos e tempos da natureza.

"Uma das peças fundamentais de você produzir no processo de agroecologia, primeiro é a despesa, o custo. O custo é menos, nós não usamos defensivos químicos de forma alguma e uma alimentação saudável, onde a gente agrega mais valor aos nossos produtos, essa é uma das vantagens. Uma outra vantagem fundamental é que nós estamos preservando o meio ambiente, preservando a natureza, não estamos matando os nutrientes que a natureza nos oferece. Quando a gente usa produtos químicos, nós prejudicamos a nossa vida, prejudicamos a terra, a água e prejudicamos a vida dos consumidores dos nossos produtos", finaliza.

Além do Paulo Cunha, o estado baiano abriga outros assentamentos e acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Evanildo Costa, da direção nacional do MST na Bahia, fala um pouco do trabalho do movimento na região. 

"Aqui no estado nós iniciamos em 87, fazendo a primeira ocupação no município de Alcobaça, na região extremo sul, o assentamento chamado 4045. De lá para cá nós conseguimos acumular até hoje, em torno de 145 assentamentos, terras já legalizadas, em torno de 13 mil famílias assentadas. Hoje, nós temos em torno de 25 mil famílias acampadas, quer dizer, que ainda não tem a terra, a maioria está em área já consolidada, em 218 acampamentos. Então, nós temos vinculadas aos acampamentos e assentamentos, em torno de 100 mil pessoas", explica.

Os alimentos produzidos no assentamento são vendidos em feiras da cidade de Santo Amaro e de outros municípios, como São Sebastião do Passé e Feira de Santana.

Edição: Tayguara Ribeiro