“Cidade modelo”, “Cidade Sorriso” já foram alguns dos slogans usados para fazer a propaganda de Curitiba. Bosques, parques, atrativos no centro da cidade e belíssimos bairros em regiões nobres encantam quem chega para visitar. Já para quem mora e conhece bem a cidade, sabe que suas mazelas estão escondidas e esquecidas.
Mas da onde vem o mito que Curitiba seria uma cidade modelo? O professor de história da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Dennison de Oliveira é autor do livro “Curitiba e o mito da cidade modelo”. Ele diz que o marketing sobre Curitiba ser cidade modelo estava no auge em 1980, entre a terceira gestão de Jaime Lerner e a primeira de Rafael Greca (hoje, prefeito de Curitiba novamente). Segundo o professor, “a propaganda oficial era extensa e onipresente, não existindo críticas ou interpretações alternativa aquela narrativa. ” E desde lá esse mito foi ficando.
“As desigualdades sociais eram menos evidentes e menos intensas naquela época. Curitiba tinha poucos pobres morando no centro (14%) e assim o perfil das desigualdades sociais em Curitiba ajudaram o gestor que podia se dar ao luxo de desconsiderar o problema,” diz Dennison.
Porém, ao longo dos tempos, este mito foi ganhando análises e críticas alternativas que faltaram no passado. Para Sylvia Malatesta, advogada e coordenadora do Movimento Popular por Moradia de Curitiba, “o debate sobre os problemas sociais em Curitiba, passa necessariamente por este mito de cidade modelo que é um slogan vendido tanto nacional como internacionalmente. “Mito que na realidade se sustenta a partir do fato que Curitiba tem um planejamento urbano histórico que naquilo que se propôs deu muito certo: o planejamento urbano excludente”, diz Sylvia.
Curitiba está no ranking da ONU das cidades mais desiguais do mundo
Curitiba é também reconhecida internacionalmente pela desigualdade social. Segundo o relatório do Fórum Urbano Mundial da ONU, em 2010, Curitiba está entre as mais desiguais do mundo, aparecendo em 17º lugar no ranking. Curitiba apareceu em 2010 no ranking das cidades mais desiguais do mundo, segundo o Fórum Urbano Mundial da ONU, no ano de 2010. Segundo Sylvia, “ainda nos mantemos entre as mais desiguais. Essa posição ocupada por Curitiba é consequência de um tipo de planejamento urbano que separa pobres e ricos territorialmente. ” Por exemplo, “ você vai no bairro Batel, um dos mais nobres e visitados pelos turistas, tem tudo, asfalto dos mais caros. Entra no CIC, um dos bairros mais populosos e periféricos da cidade, falta tudo, de saneamento à asfalto e moradia. ” Para ela, “a exclusão é demarcada territorialmente, onde pobres e ricos sequer se comunicam.”
Veja também: No aniversário de Curitiba, moradores do Parolin relatam condições indignas de vida
Edição: Redação