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PAPO ESPORTIVO | Derrota para o Peñarol foi choque de realidade para o Flamengo

Flamengo cometeu vários erros na derrota para o Peñarol, mas não consegue (ou não quer) aprender com nenhum deles

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Expulsão de Gabigol prejudicou o Flamengo contra o Peñarol
Expulsão de Gabigol prejudicou o Flamengo contra o Peñarol - Alexandre Vidal / Flamengo
Flamengo cometeu vários erros na derrota para o Peñarol, mas não consegue (ou não quer) aprender com nenhum deles

A derrota para o Peñarol dentro de casa nesta quarta-feira (3), diante de mais de 66 mil pessoas no Maracanã (recorde de público em 2019), foi um senhor choque de realidade para o torcedor do Flamengo. A começar pela facilidade com que a equipe uruguaia dominou o meio-campo e explorou as deficiências da equipe comandada por Abel Braga. Ao mesmo tempo, parece que a tal apatia tão criticada nos últimos dois anos vem dando lugar à empáfia e à ansiedade dentro do elenco.

Tomemos o exemplo de Gabriel Barbosa, o Gabigol. Não sei dizer se é por desejo de agradar a torcida e assumir o status de ídolo, mas é público e notório que o camisa 9 do Mengão anda com uma ansiedade absurda. É bem verdade que não falta fibra nem vontade, mas falta um mínimo de calma e frieza na frente do goleiro adversário. Ainda mais para quem quer ser o principal goleador do time. 

Mas ainda temos a falta de autocrítica seguida de doses de empáfia. Ao ser questionado sobre o lance que gerou a sua expulsão (justíssima na minha humilde opinião), Gabigol afirmou que o árbitro foi rigoroso demais e que merecia apenas o cartão amarelo. E a torcida (inexplicavelmente) passou pano na lambança do atacante e o aplaudiu quando ele deixou o gramado do Maracanã. Vejam vocês...

Difícil não notar outro ponto importante no Flamengo. Poucos dias depois da diretoria afastar o psicólogo Alberto Figueiras do futebol profissional, Bruno Henrique e o já citado Gabigol levaram cartões vermelhos por faltas duríssimas em partidas decisivas (contra o Fluminense pela semifinal da Taça Rio e contra o Peñarol pela Libertadores). E isso sem mencionar os dois pênaltis completamente desnecessários contra a LDU. Questionado pela imprensa, Marcos Braz, vice de futebol do Fla, afirmou que o que se entende como descontrole emocional, ele entende como “vontade de vencer”.

Nada poderia ser mais simbólico. Ainda mais numa derrota que pode custar caro nessa Libertadores.

E ainda temos a inexplicável ausência de Arrascaeta do time titular. O jogo de boa marcação do Peñarol, de linhas compactadas e bem fechadas pedia o toque diferente do camisa 14. Abel Braga, no entanto, preferiu manter Bruno Henrique (que fez a sua pior partida com a camisa do Flamengo) e sacou Willian Arão do time para a entrada de Vitinho. A mexida deu o espaço que o Peñarol queria e o escrete aurinegro chegou ao gol da vitória com Viatri. Questionado, Abel Braga falou que o “uruguaio ainda vai ter sua chance no Flamengo”.

Ainda vai ter sua chance? Quando? No Dia de São Nunca à tarde, Abelão? É sério isso?

O Flamengo (que já tinha enormes dificuldades jogando com 11) se complicou ainda mais depois da expulsão de Gabigol. Mas ela não justifica completamente a derrota em casa. Abel Braga mexeu mal. O time inteiro esteve numa noite ruim. Ponto. Mas a apatia de tempos passados vem sendo substituída pela ansiedade, pela “pilha errada” e uma certa dose de empáfia. De torcedores e dirigentes.

Refletir e aprender com os erros é fundamental. Ainda mais numa Libertadores da América. Apontamos os problemas nas vitórias contra San José e LDU, mas parece que os resultados falaram mais alto do que aqueles que perceberam que as coisas não andavam assim tão bem. Deu no que deu.

O resultado obriga o Flamengo a pontuar fora de casa para se classificar. Mas se quiser mesmo passar para a fase seguinte, vai precisar deixar a empáfia e a ansiedade em casa e pensar em jogar bola, quesito onde os comandados de Abel andam devendo bastante.

É isso. Grande abraço.

Edição: Brasil de Fato RJ