LIBERDADE

Dirigente do MST: "Lula deve ser livre para trazer esperança e o direito de sonhar"

À Rádio Brasil de Fato, Jaime Amorim, direto de Caetés (PE), fala sobre os 354 da prisão política de Lula

São Paulo | Brasil de Fato (SP) |
Marcha Lula Livre, no dia 15 de agosto do ano passado
Marcha Lula Livre, no dia 15 de agosto do ano passado - Leonardo Milano

Dirigente do MST de Pernambuco, Jaime Amorim passou, em 2018, 26 dias em greve de fome pela liberdade de Lula, junto com sete outros militantes. Agora, diretamente de Caetés, cidade natal do ex-presidente, ele conversa com a Rádio Brasil de Fato e fala sobre o significado dos 365 dias que transcorreram desde a prisão de Lula.

Jaime, como está o clima da atividade em Caetés?

Estamos no ato Lula Livre junto com diversas organizações e a população local. Agora, estamos na entrada da cidade, depois vamos para o sítio onde Lula nasceu e sua família vive até hoje. 

O clima é primeiro de muita injustiça, todo mundo fala que Lula foi sequestrado pelo poder judiciário, pela política, para impedir que pudesse ser candidato. Mas também há um sentimento de que é imediata a necessidade da saída de Lula. Primeiro pela injustiça que foi cometida. Segundo porque o povo sertanejo sente uma aflição por tudo que está ocorrendo no país. Há esse sentimento de que Lula precisa estar livre para novamente poder representar esse povo e trazer esperança, dignidade e o direito de sonhar. 

A prisão de Lula cria um vácuo no país. Não é possível que um país como o nosso, em que houve um período longo de democracia, agora tenha que viver com isso que está se apresentando. Esse é o sentimento de todos. 

Da forma como a gente está vendo o dia de hoje, a tendência é uma arrancada definitiva para que o povo possa fazer a pressão necessária para a liberdade de Lula.

Os movimentos populares, o sindicalismo, os partidos de esquerda estão com uma agenda bem intensa. Temos aí a Reforma da Previdência e, contra ela, os movimentos atentos, mobilizados.  Qual é a importância da pauta Lula Livre para os próximos meses? 

Nós vamos ter que fazer lutas primeiro para derrotar o golpe. Para [isso] são duas bandeiras emergentes pelas quais o povo deve se mobilizar. A liberdade de Lula é determinante para que a gente possa recuperar o Estado Democrático de Direito e sair desse estágio em que somos reféns do poder judiciário, principalmente da Polícia Federal e do grupo de Curitiba, que arquitetou - a serviço dos EUA e do grande capital - a prisão de Lula e todo esse processo que estamos vendo no país.

Em segundo lugar, a questão da Reforma da Previdência. Estamos em uma região sertaneja. Quando ela [a reforma] ataca a Previdência Rural, é fulminante contra os municípios, contra a sociedade, contra o povo. A maioria da moeda que circula nesses municípios é moeda advinda da aposentadoria dos trabalhadores rurais. É muito maior o recurso que entra via aposentadoria do trabalhador rural do que o Fundo de Participação dos Municípios. 

Você participou da greve de fome no ano passado pela liberdade do ex-presidente, para denunciar sua prisão sem provas. Você esperava que chegaríamos a um ano de prisão política de Lula? Como você vê isso? 

Quando nós participamos da greve de fome nós tínhamos um intuito, não era só pela liberdade de Lula. Era também pelas condições jurídicas e legais para que ele fosse candidato, o que era mais importante naquele momento.

Infelizmente o aprofundamento do golpe fez com que eles impedissem que Lula pudesse ser candidato. Um ano depois da prisão e da nossa greve de fome podemos dizer que cumprimos uma tarefa importante. Foi determinante naquele processo. Mas agora nós não temos dúvida de que ou a gente vai para as ruas, mobiliza, ou vamos perder essa oportunidade. 

Não podemos permitir que continue essa ditadura contra o Estado de Direito. Nós não podemos mais perder direitos no campo da educação, da saúde, no campo das políticas públicas e sociais. A sociedade não pode mais ver tanto retrocesso em tão pouco tempo. 

Temos que alertar o povo, e a convocação é fundamental para que a gente possa vir pra rua lutar pela liberdade do Lula, do povo brasileiro, e contra as reformas que impedem o povo de viver com dignidade. 

Edição: Pedro Ribeiro Nogueira