Paraná

Os sem-aposentadoria

Expectativa de vida de grupos revela a probabilidade morrerem antes de se aposentar

Das grandes discussões da proposta da previdência se relaciona ao aumento da idade mínima exigida para a aposentadoria

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

Ouça o áudio:

Estudos mostram que fatores geográficos, econômicos e sociais diminuem a expectativa de vida de determinados grupos
Estudos mostram que fatores geográficos, econômicos e sociais diminuem a expectativa de vida de determinados grupos - Foto: Agência Brasil | Arte: Vanda Moraes

Uma das grandes discussões da proposta da previdência está relacionada ao aumento da idade mínima exigida para a aposentadoria. Após revisões, o projeto de Bolsonaro, que tramita no Congresso, estabelece a exigência de que mulheres tenham, no mínimo, 62 anos, e, homens, 65 para se aposentarem. É preciso lembrar também que, para alcançar 40 anos de contribuição e ter direito a receber o valor integral desse benefício, muita gente terá que trabalhar para além dessa idade. 

A proposta de aumento da idade mínima é justificada pelo fato de a expectativa de vida dos brasileiros ter aumentado, mas estudos mostram que fatores geográficos, econômicos e sociais diminuem a expectativa de vida de determinados grupos e, com isso, a perspectiva é que pessoas que pertencem a essas camadas possam morrer antes de se aposentar. 

Confira abaixo alguns grupos com menor expectativa de vida 

Transexuais: A expectativa de vida de pessoas transexuais no Brasil é de apenas 35 anos, segundo dados da pesquisa TransRespect, de 2017. A violência e o assassinato dessas pessoas contribuem para diminuir o tempo médio de vida. Apenas em 2018, 163 transexuais foram mortas no país. 

Negros: Pessoas negras também serão fortemente prejudicadas com o aumento da idade mínima para aposentadoria, já que possuem 10 anos a menos de estimativa de vida do que pessoas brancas. Um estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) revela que para os negros, a esperança de vida ao nascer é de apenas 66,6 anos. 

Moradores de locais com menor desenvolvimento: questões como moradia precária e falta de saneamento básico também contribuem para diminuir a expectativa de vida de moradores de determinadas regiões. Na região metropolitana de Curitiba, as pessoas que moram no bairro Vila Grécia, na cidade de Almirante Tamandaré, vivem em média 69 anos. Já quem está no Água Verde, bairro curitibano com maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), vive 12 anos a mais. Em outras cidades, como São Paulo, algumas regiões têm estimativa ainda menor: segundo o Mapa das Desigualdades publicado em 2018, os moradores do distrito Cidade Tiradentes vivem 58,4 anos.

Edição: Laís Melo