Ceará

Luta

Fortaleza: 100 mil nas ruas contra cortes na educação e reforma da Previdência

Também ocorreram atos em mais de 25 municípios no espalhados em todas as regiões do Ceará

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
"Os cortes às universidades atingem diretamente soberania no país", afirmou um dos manifestantes
"Os cortes às universidades atingem diretamente soberania no país", afirmou um dos manifestantes - Amanda Sampaio

A manhã desta quarta-feira (15) começou nublada na cidade de Fortaleza (CE). Apesar da chuva que caiu por volta das 7 horas, estudantes, professores e sindicalistas já fechavam o cruzamento entre as ruas Meton de Alencar e Senador Pompeu no centro da capital do Ceará. Logo o tempo abriu e um forte sol acompanhou aglomerar de pessoas, que segundo os organizadores, chegou as mais de 100 mil manifestantes no ato unificado "Contra os desmontes na aposentadoria e contra os cortes de investimentos na educação básica e superior".

No último 30 de abril, o atual Ministro da Educação, Abraham Weintraub anunciou que as universidades federais receberiam um corte de 30% dos investimentos públicos. No Ceará, o impacto dessa medida representou paras universidades Federal do Ceará (UFC), Federal do Cariri (UFCA), da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) uma perda de R$ 46,5 milhões, R$ 18,8 milhões, R$ 11,5 milhões e R$ 32 milhões, respectivamente.

Weintraub justificou que os recursos seriam aplicados na educação básica, entretanto, segundo informações divulgadas pela revista Exame, o Ministério da Educação (MEC) também bloqueou, R$ 146 milhões, dos R$ 265 milhões previstos, para construção ou obras em unidades do ensino básico país. Assim como todo o recurso previsto para o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec), R$ 100,45 milhões,  e reteu 144 milhões dos R$ 148 milhões previstos inicialmente para o Mediotec (para que alunos façam ao mesmo tempo o ensino médio e técnico).

Diante dessa situação, movimentos estudantis, docentes, populares e sindicais convocaram um dia de paralisação na Educação em todo o Brasil. No Ceará, além da capital, mais de 25 municípios realizaram protestos, levando milhares de pessoas às ruas na Região Metropolitana de Fortaleza, no Cariri, na Ibiapaba, Centro-Sul, Inhamuns, Maciço de Baturité, Região Norte, Sertão Central e no Vale do Jaguaribe.

Carla Galiza, que trabalha como cozinheira em Fortaleza, declarou que o momento é defender a educação e a democracia: "Estou aqui hoje na Praça da Bandeira para defender a educação, mas não só, também a democracia, contra esse governo fascista, contra os cortes, contra a reforma da Previdência e a favor de Lula Livre e a favor da redemocratização do Brasil".

Já Emanuel Menezes, empregado público da Lubnor (Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste) disse que a luta pelo direito à educação é uma bandeira de todos os trabalhadores: "Os cortes às universidades  atingem  diretamente soberania no país. E assim como as universidades e as pesquisas desenvolvidas por elas, as refinarias da Petrobras também estão ameaçadas pelo Governo Bolsonaro. Um conjunto de desmontes para acabar com as reservas do Brasil. Por isso estamos nas ruas para lutar pela educação, pelo petróleo, pela liberdade e pela soberania do país". 

Apresentações e políticas culturais

O ato de Fortaleza percorreu as ruas do Centro e do Benfica, onde teve seu encerramento na avenida da Universidade. Além de carros de som, puderam ser vistas bandas percussivas formadas pela juventude de diferentes movimentos, grupos de arte, de capoeira e o Maracatu Solar que cantou a liberdade e empolgou a todos por onde passava. Grupos em defesa de políticas públicas para os diversos segmentos culturais também estiveram na manifestação com faixas e cartazes. 

O presidente da CUT/CE, Wil Pereira falou para os presentes que as pessoas estão acordando os protestos nas ruas vão crescer ainda mais. a próxima luta já tem data: “Hoje nós colocamos 100 mil pessoas nas ruas de Fortaleza em defesa da educação. Este ato serviu como um esquenta para a greve geral da classe trabalhadora que será realizada no próximo dia 14 de junho. O Ceará vai parar em repúdio ao texto da reforma da Previdência apresentada pelo presidente Jair Bolsonaro”.
 

Edição: Monyse Ravena