Saúde

Brasileiros que abandonaram Mais Médicos chegam a 19% após saída de doutores cubanos

Até maio 1.325 profissionais com registro brasileiro se desligaram do programa.

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Informações do Ministério da Saúde dão conta que 1.325 profissionais com registro profissional brasileiro abandonaram o Programa Mais Médico. Isso equivale a aproximadamente 19% dos médicos brasileiros que assumiram as vagas deixadas pelos médicos cubanos.

Conforme a reportagem do G1, o número de desistências cresceu 25% em relação ao balanço anterior, quando foram contabilizados 1.052 médicos desistentes entre janeiro e março.

Três meses após assumir as vagas oferecidas pelos editais, cerca de 15% dos médicos brasileiros que se apresentaram para substituir os profissionais cubanos, deixaram seus postos de trabalho. Alguns especialistas já anteviam a desistência em massa, em razão do ingresso nas especializações e residências – normalmente ocorrem entre março e abril.

 Histórico

Em novembro de 2018, após se retirar do convênio com a Opas e o Brasil, em razão de ameaças pelo recém-eleito presidente Jair Bolsonaro (PSL), um edital foi aberto para preencher as 8.517 vagas deixadas pelos cubanos no Mais Médicos. No total, 7.120 vagas foram preenchidas por médicos formados no Brasil.

No mês de dezembro, o governo lançou um novo edital com a oferta das 1.397 vagas remanescentes, dirigidas a médicos brasileiros formados no exterior. De acordo com a reportagem do G1, o Ministério da Saúde alegou que não há desistências nesse grupo: todos concluíram o módulo de acolhimento obrigatório e foram direcionados aos municípios escolhidos durante o edital.

Diversos municípios brasileiros convivem com a ausência de médicos nos serviços de saúde desde a saída dos profissionais cubanos. Na Grande São Paulo, por exemplo, 19 cidades somam 106 vagas ociosas por conta da saída dos cubanos.

Edital 2019

Apesar de ter sinalizado fim do Programa Mais Médicos, no dia 13 deste mês a pasta lançou um novo edital do Mais Médicos. O objetivo é contratar cerca de 2 mil médicos, com especialidades diferentes, para trabalharem em 790 municípios, inclusive em áreas de difícil acesso como aldeias indígenas, comunidades quilombolas e moradores de casas ribeirinhas isoladas e assentamentos rurais à margem de rios, onde vivem aproximadamente 6 milhões de pessoas. Regiões onde muitas vezes somente os profissionais cubanos.

As inscrições devem ser feitas entre 27 e 29 de maio e dá preferência a médicos brasileiros, com registro do Conselho Federal de Medicina e títulos de especialista e/ou residência médica em Medicina da Família e Comunidade obtidos no país.

Os profissionais receberão bolsa-formação no valor de R$ 11,8 mil. O edital dá preferência a médicos brasileiros, com registro do Conselho Federal de Medicina e títulos de especialista e/ou residência médica em Medicina da Família e Comunidade obtidos no país.

A nota do Ministério da Saúde, porém, já aponta estender as oportunidades, em um segundo chamamento público, aos profissionais brasileiros formados em outros países “e que já tenham habilitação para o exercício da Medicina no exterior”.

Recuo

Em fevereiro deste ano o governo Jair Bolsonaro (PSL) anunciou preparar o fim do Programa Mais Médicos. De acordo com a reportagem do G1, o Ministério da Saúde afirmou em nota que, neste momento, a priorização de atendimento médico é para os municípios com maior vulnerabilidade social. “Um novo programa para ampliar a assistência na Atenção Primária está sendo elaborado e será divulgado em breve”, informa o Ministério da Saúde.

Edição: Cecília Figueiredo