Cultura

Artigo | Por que vou ao Festival Lula Livre?

"Porque eu acredito na ciência. E a ciência me ensinou que para afirmar algo é preciso ter provas, não basta convicções"

São Paulo | Brasil de Fato |
Atrações do Festival Lula Livre que ocorrem em 2 de junho em São Paulo
Atrações do Festival Lula Livre que ocorrem em 2 de junho em São Paulo - Campanha Lula Livre

Eu não vou ao Festival Lula Livre defender o Lula e o PT.
Eu vou ao Festival Lula Livre defender a justiça. Pois justiça significa que as leis valem para todos, e não apenas para os meus inimigos. 

Eu não vou ao Festival Lula Livre defender uma ideologia.
Eu vou ao Festival Lula Livre porque eu acredito na ciência. E a ciência me ensinou que para afirmar algo é preciso ter provas, não basta ter convicções. 

Eu não vou ao Festival Lula Livre porque sou um fanático irracional. 
Eu vou ao Festival Lula Livre porque eu acredito na razão. E a razão me diz que um juiz que impede um candidato de disputar uma eleição e logo depois se torna ministro do principal adversário desse mesmo candidato não pode ser considerado isento.

Eu não vou ao Festival Lula Livre para defender o comunismo. 
Eu vou ao Festival Lula Livre porque eu acredito na democracia. E em uma democracia os erros políticos de um governante são julgados nas urnas, não em um tribunal.

Eu não vou ao Festival Lula Livre porque eu não respeito as leis.
Eu vou ao Festival Lula Livre porque eu acredito no Estado democrático de direito. E no Estado democrático de direito juízes não quebram as regras, e o réu é inocente até que se prove o contrário. 

Eu não vou ao Festival Lula Livre porque eu me considero o dono da verdade.
Eu vou ao Festival Lula Livre porque eu acredito na pluralidade de opiniões. E a pluralidade exige que os meus adversários políticos possam falar e fazer o que eles quiserem, e não que eles sejam presos.

Eu não vou ao Festival Lula Livre defender a velha esquerda.
Eu vou ao Festival Lula Livre porque eu acredito na inovação. E para inovar é preciso conhecer muito bem o antigo para, a partir dele, criar o novo. 
Como faz a juventude que aprende com as batalhas do passado para inventar as lutas do futuro. 
Como fez a Nação Zumbi ao mergulhar na história do maracatu para inventar o Mangue Beat. Como faz o Baiana System ao mergulhar na história da guitarra baiana para reinventar o carnaval de Salvador. 
E se algumas das cabeças mais inovadoras do Brasil estarão no Festival Lula Livre, é entre elas que eu quero estar.

* Bernardo Coelho é músico e físico.

Edição: Daniela Stefano