Minas Gerais

PREPARAÇÃO

Greve geral em Minas: entrevista com cinco centrais sobre o 14 de junho

Lideranças falam de expectativas e informam quais categorias vão paralisar na sexta-feira

Belo Horizonte (MG) |
Plenária reuniu centrais sindicais e movimentos populares em Belo Horizonte na quinta (6)
Plenária reuniu centrais sindicais e movimentos populares em Belo Horizonte na quinta (6) - Rogério Hilário / CUT

A crítica contra a reforma da Previdência traz grandes expectativas em relação à primeira greve geral convocada durante o governo de Jair Bolsonaro (PSL). Sindicalistas apostam que paralisação dará um forte recado aos congressistas e ao governo federal.

Em Minas, eletricitários, professores, trabalhadores dos Correios, da saúde, metroviários, eletricitários e trabalhadores da Copasa são algumas das categorias que vão parar. Existe expectativa de que os rodoviários também interrompam as atividades, o que significaria parar boa parte dos ônibus municipais e metropolitanos. Eles devem decidir sobre isso em assembleia da categoria, prevista para os próximos dias.

A greve está convocada para o dia 14 de junho (sexta-feira) e no mesmo dia acontece um ato político, marcado para as 10h na Praça Afonso Arinos, em BH.

Confira a entrevista que cinco centrais sindicais concederam ao Brasil de Fato MG:

Quem convocou e está mobilizando para a greve geral aqui em Minas?
Valéria Morato, da CTB:
Aqui somos sete centrais sindicais (CTB, CUT, CSP Conlutas, Nova Central, Intersindical, UGT e Força Sindical) e as duas frentes (Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo) que assumiram essa convocação. Incorporamos também os sindicatos da educação e as entidades estudantis. O motivo da greve geral é contra a reforma da Previdência, por desenvolvimento e por criação de empregos.

Wanderson Rocha, da CSP Conlutas: Além das pautas nacionais, aqui em Minas a gente incorporou a pauta contra a mineração predatória, por conta da Vale, que é responsável pela situação de Mariana, Brumadinho e agora em Barão de Cocais. Espero que essa greve seja grande e que consiga abalar o Congresso e o governo federal, e continuar a disposição de luta contra a retirada de direitos.

Como está a mobilização dos sindicatos e especialmente dos rodoviários?
Everson Tardeli, Nova Central Sindical dos Trabalhadores:
Os eletricitários, os rodoviários e demais categorias de Belo Horizonte já estão se organizando e semana que vem teremos as últimas assembleias. Há uma tendência de que todas possam aderir a essa greve porque a reforma da Previdência ataca todos os trabalhadores. Além disso, há especificidades, como o fim da aposentadoria especial dos eletricitários, dos enfermeiros, dos motoristas. Essas bandeiras específicas sem dúvida também trazem os trabalhadores ao movimento grevista. Sobre os motoristas, eu acredito que vão paralisar. Há um movimento já em nível nacional do pessoal do transporte, ocorreu ontem uma plenária lotada onde já se decidiu que haverá paralisação. Agora haverá a decisão dos trabalhadores de Belo Horizonte.

Nos dias 15 e 30 de maio aconteceram atos grandes da esquerda, enquanto a direita se manifestou no dia 26, um domingo. Há vários questionamentos de por que a esquerda não realiza atos no final de semana. Por quê?
Silvânia Morais, da Intersindical:
Nós somos quem produz essa riqueza, mas não temos o resultado dessa riqueza em nossas mãos. Quem para no final de semana faz o papel do patrão. Em rebelião, nós paramos a estrutura do capital, cruzamos os braços diante das forças que de fato nos oprimem. Por isso que nós, trabalhadores, sempre pararemos dias de semana. É preciso mostrar ao capital que nós não estamos a seu comando, a seu serviço, mas que somos uma classe unida. Sem nós, o capital não sobrevive.

Como está a mobilização dos sindicatos cutistas?
Jairo Nogueira, da CUT:
Nós orientamos os sindicatos a fazer assembleias com os trabalhadores para decidir sobre a paralisação. Já tivemos vários retornos de categorias que decidiram parar: a Cemig, a Copasa, os metroviários, a saúde, a educação, os metroviários, os Correios, os petroleiros, metalúrgicos também. A greve é contra a reforma da Previdência, mas também contra tudo que está sendo feito com a população brasileira. O governo Bolsonaro é uma continuação do governo Temer e o trabalhador já percebeu isso, independente de em quem ele tenha votado. 

Nós tivemos uma enorme greve, também contra a reforma da Previdência, em 28 de abril de 2017. O que se espera desta?
Jairo:
Não é bom fazer comparativos, mas minha expectativa pessoal é que vai ser maior. Pelo que a gente viu nos últimos atos, pela consciência que o povo está tendo, a vida não melhorou. Teve a promessa de reforma Trabalhista para a vida melhorar, mas não melhorou. E o governo, ao invés de discutir como vai fazer pra gerar emprego, está preocupando em dobrar pontuação de carteira de motorista, em liberar armas para as pessoas. A greve do dia 14 vai pontuar isso, que a população quer discutir outras coisas. A reforma da Previdência com o solução dos problemas do Brasil é uma falácia. A gente tem propostas que vão arrecadar muito mais dinheiro para o Brasil e estariam gerando mais empregos. 
 

Edição: Elis Almeida