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O que muda na educação com Bolsonaro no poder?

O Future-se transforma a universidade num verdadeiro balcão de negócios

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Algumas universidades federais podem não terminar o ano em funcionamento.
Algumas universidades federais podem não terminar o ano em funcionamento. - Gibran Mendes | Fotos Públicas
O Future-se transforma a universidade num verdadeiro balcão de negócios

Desde o início do mandato, o presidente Jair Bolsonaro tem autorizado cortes na educação pública brasileira.

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As universidades federais foram as principais vítimas. O contigenciamento de 30% na verba das instituições de ensino, que incluem manutenção e investimentos, agravou a crise da Educação.

Com o desgaste da pasta, o ministro da Educação Abraham Weintraub anunciou o programa “Future-se”, que prevê a criação de um fundo de cerca de R$ 102 bilhões para atrair investimentos privados nas instituições de ensino superior do país. O valor total não é anual e sim um montante, que poderá ser acessado pelas instituições conforme a apresentação de resultados e as necessidades de cada uma delas, após a eventual aprovação do programa pelo Legislativo.

O Brasil de Fato foi às ruas e ouviu a pergunta do estudante Cleyton Ribeiro, sobre as mudanças que a educação enfrentará durante o Governo Bolsonaro.

Quem responde é Jessy Dayane, militante na área da Educação do Levante Popular da Juventude:

“A proposta do Governo para a educação aponta para o sucateamento do ensino público e para a privatização. Basta a gente recordar os dois grandes cortes que aconteceram nas universidades. A proposta que eles apresentaram é o Future-se, que em poucas palavras significa tirar a responsabilidade do Estado em garantir os recursos para educação pública, sugerindo que os docentes e gestores busquem recursos para manter a universidade funcionando. Mas como esses docentes e gestores vão buscar esses recursos? Através de vendas de serviços educacionais e de pesquisa. Ou seja, com o Future-se, a gente transforma a universidade em um verdadeiro balcão de negócios e compromete a autonomia didático-científica das instituições, já que, em geral, quem paga a banda quer escolher a música. Então, esse processo todo, além de comprometer a autonomia da universidade e da pesquisa, também ameaça o caráter público e gratuito das universidades, e com isso, as consequências são muito grandes. Recentemente, conquistamos uma maior democratização do ensino superior, incluindo a juventude pobre e negra nesse espaço que sempre foi reservado para uma pequena elite, ao longo da nossa história. Então, além desse retrocesso na democratização e no caráter público da universidade, também corremos o risco de paralisar o desenvolvimento nacional e de aumentar a desigualdade social. Porque sem educação, sem pesquisa, sem universidade democratizada, sem conhecimento, sem universidade pública e gratuita, não há desenvolvimento e nem igualdade”. 
 

Edição: Michele Carvalho