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O futebol ainda é um esporte muito racista

Há pouquíssimos técnicos negros na elite do futebol

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Roger Machado, treinador do Bahia, criticou mito da democracia racial em sua entrevista
Roger Machado, treinador do Bahia, criticou mito da democracia racial em sua entrevista - Reprodução
Há pouquíssimos técnicos negros na elite do futebol

Salve, meu povo! 

No último sábado (12), o Campeonato Brasileiro viu o confronto entre os dois únicos técnicos negros da elite do futebol brasileiro. Roger Machado, treinador do Bahia, e Marcão, do Fluminense, não apenas duelaram em campo, como utilizaram o confronto para colocar em evidência a questão do racismo no futebol brasileiro. 

Roger Machado, em sua entrevista coletiva, deu uma aula sobre como o racismo estrutural de nossa sociedade também se faz presente no futebol brasileiro. O futebol brasileiro bebeu na fonte do mito da democracia racial. De esporte aristocrata que negava a participação dos negros, aos poucos, o talento e a ginga do jogador brasileiro foram atribuídos justamente ao caráter miscigenado de nossa população. 

Ainda que o maior jogador de todos os tempos seja negro e que boa parte dos grandes jogadores de nossa história também sejam, quando falamos em posições de comando como técnicos e dirigentes, o destaque não é o mesmo. Isso ocorre justamente porque o mito da democracia racial acabou criando um espaço em que os negros poderiam brilhar com a concordância das elites. E esse espaço é dentro de campo onde o negro de certa forma é reduzido ao seu corpo, dotado de ginga, malemolência e capacidade física. 

Não seria esse também o lugar que os corpos foram obrigados a ocupar desde o Brasil colônia? Andrade, outro excepcional ex-atleta, há 10 anos foi campeão brasileiro com o Flamengo e, de lá pra cá, simplesmente não foi convidado por nenhum clube para ser treinador. 

Para que um encontro entre dois técnicos negros seja algo corriqueiro, o Brasil ainda precisa caminhar muito, precisa romper o véu da democracia racial e entender que as desigualdades sociais, quando não compreendidas em sua essências, transformam em algo natural aquilo que é, sem dúvidas, o maior 7 a 1 de nossa história. 

Até a próxima, rapaziada! 
 

Edição: Wallace Oliveira