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A mancha de óleo chega ao futebol

Todos os gritos são fundamentais para mostrar que não estamos calados!

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O alcance que esse esporte tem no país e no mundo é útil para provocar mobilizações que extrapolam os campos
O alcance que esse esporte tem no país e no mundo é útil para provocar mobilizações que extrapolam os campos - Divulgação
Todos os gritos são fundamentais para mostrar que não estamos calados!

“O problema é seu. O problema é nosso. Quem derramou esse óleo?”. Sem meias palavras, o Bahia foi o primeiro clube brasileiro a se manifestar em defesa das praias nordestinas, atingidas desde o final de agosto por manchas de petróleo. O problema, que se alastrou por mais de 170 municípios do Nordeste, já afetou a vida de animais marinhos e provocou um forte impacto ambiental na região, chegando a nove estados. 

Apesar de não estar entre as primeiras posições do Brasileirão nem brigar por títulos nessa reta final de temporada, o Bahia, mais uma vez, mostrou que o futebol pode ser muito mais que uma bolha de entretenimento. O alcance que esse esporte tem no país e no mundo é útil para dar voz a assuntos sociais e provocar mobilizações que extrapolam os campos. E foi o que aconteceu.

Além do manifesto publicado em seu site oficial, durante o jogo contra o Ceará, pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro, o time baiano também usou uma edição especial de sua camisa tricolor, com manchas pretas, em alusão ao vazamento do óleo. O Bahia também decidiu leiloar as camisas utilizadas e doar o dinheiro arrecadado para os grupos voluntários que têm ajudado a limpar as praias. Por sua vez, o rival Ceará utilizou a mesma partida para se posicionar e o time entrou em campo, usando luvas pretas para lembrar o desastre ambiental. Outros times como o Vitória, Sport, Fortaleza, CSA e CRB também criaram um movimento para expor o assunto, cobrar providências do Governo e mobilizar a população. 

Essa reação dos times nordestinos não devia ser algo isolado, apenas porque o desastre se localiza na região. Como bem lembrou o Bahia, o problema é todos e os grandes clubes, principalmente os de maior visibilidade, poderiam aderir ao movimento. Certa vez escrevi neste espaço que os times grandes, além de colecionar títulos, também deveriam entender a voz que têm. Ainda que o futebol seja uma válvula de escape coletiva, em tempos em que o Governo se silencia sobre o que realmente importa, todos os gritos são fundamentais para mostrar que não estamos calados!

Edição: Wallace Oliveira