Saneamento

Acre | Em oito meses, 16 crianças indígenas morreram por consumo de água contaminada

Principais sintomas das vitimas foram diarreia, febre, vômito e cãibras, informa o Cimi

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Indígenas denunciam falta de investimento do poder público em saneamento básico e subnotificação das mortes
Indígenas denunciam falta de investimento do poder público em saneamento básico e subnotificação das mortes - Rosenilda Padilha/Cimi Regional Amazônia Ocidental

De janeiro a agosto deste ano, um surto de diarreia matou 16 crianças indígenas e um idoso de 64 anos nas aldeias do Alto Rio Purus, no estado do Acre. Segundo levantamento do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Amazônia Ocidental, os principais sintomas das vitimas foram diarreia, febre, vômito e cãibras.

As vítimas foram nove meninas e 11 meninos, sendo 17 do povo Madja, um do Jaminawa e dois do Huni Kui. Nos meses de setembro e outubro ainda não foram verificadas mortes, portanto o número pode ser maior. Durante o último surto de diarreia, entre outubro de 2011 e abril de 2012, 24 crianças morreram com os mesmos sintomas.

Entre as razões para o ciclo de mortes atingir periodicamente as aldeias do Alto Rio Purus está a ausência de saneamento básico, provocando a contaminação da água consumida, sobretudo no período das chuvas.

De acordo com o Portal da Transparência, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) realizou apenas 11% do orçamento total de 2019 (até o dia 26 de setembro) para a rubrica Saneamento Básico em Aldeias Indígenas Para Prevenção e Controle de Agravos. Em 2018, realizou 24%; 2017, 23%; 2016, 19% e 2015, 17%.

A deputada federal, Perpétua Almeida (PCdoB) pediu ao Governo Federal que faça alguma coisa em prol da vida de meninos e meninas que estariam morrendo em aldeias indígenas sem assistência médica e hospitalar.

“Tem alguma coisa acontecendo e precisa ser investigada, 16 crianças indígenas morreram, em menos de um ano, em apenas duas aldeias do interior do Acre, na região de Santa Rosa e Manuel Urbano. Da tribuna da Câmara fiz a denúncia e exigi providências, apuração. A vida dessas crianças e de todas as nossas crianças importam, sim!”, disse Perpétua.

Conforme Lindomar Padilha, do Cimi Regional Acre, “esperamos que as autoridades tomem medidas emergenciais para que cesse as mortes imediatamente e que haja um planejamento de longo prazo, e que seja efetivo”. Para o missionário, o problema é recorrente e negligenciado pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).

Edição: Michele Carvalho