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Privatização das refinarias da Petrobrás elevará preços para população paranaense

"Consequências da saída da Petrobrás no estado do Paraná” foi tema de audiência na Assembleia Legislativa

Brasil de Fato | Curitiba |
Um Comitê Permanente contra a privatização da Petrobrás foi criado ao final da audiência
Um Comitê Permanente contra a privatização da Petrobrás foi criado ao final da audiência - Ana Caldas

O Governo Bolsonaro já anunciou que pretende vender pelo menos oito das 13 refinarias do grupo da Petrobrás, o que corresponde a aproximadamente metade da capacidade de refino da empresa no país. No Paraná, as refinarias Repar e a Unidade de Industrialização do Xisto (SIX) são as que estão ameaçadas. Pesquisadores alertam que o projeto de privatização trará mais gastos para a população e menos investimento para o estado do Paraná. Esse foi apenas um dos alertas feitos durante a Audiência Pública “As consequências da saída da Petrobrás no estado do Paraná”, realizada na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), nesta segunda (11). O evento foi uma iniciativa do Deputado Requião Filho, do PMDB.

Entre os pesquisadores, o PHD em engenharia na área do petróleo e especialista em Minas e Energia, Paulo César Ribeiro Lima, falou sobre os impactos da privatização no preço dos produtos consumidos pela população paranaense, como a gasolina e o diesel. “A Petrobrás sempre foi uma empresa extraordinária, uma estatal de baixíssimo custo e, por isso, desde a década de 80, sempre conseguiu entregar o petróleo para as refinarias com o custo abaixo do que é nos EUA. Porém, desde 2018, os governos vem desmantelando a gestão integrada das refinarias da Petrobrás e ameaçando com a venda, o que já tem elevado o custo da matéria prima”.

Lima explicou que o custo de um produto consumido pela população, como gasolina e diesel, é calculado com o valor de produção e da matéria prima. Com o impacto da privatização, o custo aumentará. “O custo dessa matéria prima produzida pela Petrobrás deveria sempre estar entre 15 a 30 dólares, pela composição do custo, já que a estatal tem baixíssimo custo na produção.  Porém, o projeto privatista que já vem sendo executado desde 2018, tem colocado o preço já como se ele fosse importado. E, se as refinarias forem vendidas, estima-se que o valor do barril, que hoje deveria ser US$30, vai para US$60, pois terá que ser comprado, ou da empresa de fora do país ou da própria Petrobrás, já que é a única no Brasil que produz esta matéria prima, o Petróleo”.

Para a geóloga Ana Patrícia Cavalcanti de Castro Lier,  a venda já vem acontecendo desde o Governo Michel Temer.  “Primeiro, tivemos a venda das nossas distribuidoras de gás nos estados, a malha de gasodutos, depois, parte do Pré-Sal na gestão do Pedro Parente e, de lá para cá, a venda da BR e mais as ameaças das refinarias".  Para ela, “é algo temerário, principalmente para o desenvolvimento do país e para o Estado do Paraná”. No Paraná, em 2017, a Petrobrás arrecadou mais de R$ 2,4 bilhões.

Na mesma linha de reflexão, a pesquisadora do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Carla Ferreira, reforçou que as refinaras têm o poder de alavancar o desenvolvimento regional. “A Petrobrás, hoje, contribui com mais de 4% de arrecadação total do estado. Além disso, temos os royalties, que representaram para cada refinaria importantes valores, como R$304 mil em 2018, para Araucária, R$84 mil para Campo Largo e ao todo foram R$7,50 milhões para o Paraná.”

Comitê contra a Privatização

Como luta contra a privatização, ao final da audiência pública, os presentes decidiram pela organização de um Comitê Permanente em defesa da Petrobrás. Para o Deputado Requião Filho, “o comitê contra a venda das refinarias apresentará aos governos federal, estadual e aos deputados as perdas que estas vendas podem significar, como a da arrecadação do ICMS, de empregos e mesmo a nossa importância no cenário geopolítico”.

Presentes na audiência, lideranças politicas como o ex-senador Roberto Requião, os deputados Tadeu Veneri (PT), Professor Lemos (PT) e Arilson Chiorato (PT), Luciana Rafagnin (PT) e o deputado federal Aliel Machado (PSB). Além dos representantes do Sindicato dos Petroquímicos do Paraná; de Associação dos Engenheiros da Petrobrás do Rio de Janeiro; do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep); e do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina.

 

 

Edição: Redação