Democracia

Em liberdade, Lula dialoga com movimentos populares sobre soberania nacional

Em reunião com MAB, ex-presidente reafirmou compromisso na construção de um novo projeto para o país

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Encontro aconteceu na última quarta-feira (20) na sede do Instituto Lula, em São Paulo (SP)
Encontro aconteceu na última quarta-feira (20) na sede do Instituto Lula, em São Paulo (SP) - Foto: Ricardo Stuckert

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) se reuniu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para dialogar sobre o cenário do país e alinhar estratégias de enfrentamento ao governo de Jair Bolsonaro (PSL).

Foi um dos primeiros encontros entre movimentos populares e o ex-presidente -- que está livre desde 8 de novembro deste ano após 580 dias preso em Curitiba (PR). 

Um dos pontos levantados na conversa foi a prioridade da luta para resgatar a soberania nacional, como relata Luís Dalla Costa ao Brasil de Fato. Segundo o membro da coordenação nacional do MAB, o movimento compartilhou as preocupações com os rumos do país nas mãos de Bolsonaro. 

O MAB pediu o apoio de Lula para denunciar as violações de direitos humanos nas tragédias socioambientais de Mariana e Brumadinho -- ambas no estado de Minas Gerais -- após o rompimento de barragens da mineradora Vale. A segurança dos atingidos é uma das principais preocupações, segundo Costa, já que outras barragens estão em “severo risco de rompimento”. 

Prisão política

Dalla Costa também ressalta o caráter político da prisão do petista, que considera um “exemplo de persistência e serenidade ao suportar uma prisão absolutamente injusta”.

“Nós manifestamos nosso apoio na luta do presidente Lula em provar sua inocência. Lula tem direito a um julgamento justo se tiver alguma acusação contra ele, e não um julgamento político e viciado. Ele mesmo diz que foi um julgamento mentiroso feito pelo atual ministro e ex-juiz Sergio Moro. Foi uma prisão arbitrária e injusta, somente com fim de perseguição política”, denuncia.

Costa afirma que, na visão do movimento, o conluio político-jurídico se deu “contra aquele que foi o melhor presidente da história do Brasil para o povo trabalhador e mais pobre”. “Aquele presidente que sempre se preocupou com as pessoas que passavam fome e que não tinham emprego, acesso ao estudo e à energia elétrica”, explica.

O encontro aconteceu na última quarta-feira (20) na sede do Instituto Lula, em São Paulo (SP), e contou com a participação de Paulo Okamotto, presidente do Instituto.

 

A luta pela democracia e soberania brasileiras foi um dos compromissos firmados durante o encontro (Foto: MAB)

Luta e compromissos

Na reunião, o MAB também enfatizou a luta e resistência dos povos latino-americanos contra o avanço da extrema direita no continente.

O ex-presidente, por sua vez, agradeceu a solidariedade do MAB e de todos os movimentos nacionais e internacionais que se mobilizaram em torno da causa “Lula Livre”. 

"A direita está voltando com força tentando destruir tudo o que nós fizemos. Teremos que levantar a cabeça e lutar. Não é possível que um país deste tamanho [Brasil] tenha o desprazer de ter no governo um miliciano. É possível a gente lutar, resistir e vencer os opressores", disse o ex-presidente em vídeo gravado após o encontro. 

“Nós conversamos com Lula, colocamos essas preocupações junto a ele e estabelecemos, inclusive, pontos em que a gente pode se ajudar na construção de um país soberano, livre, que priorize as famílias que mais necessitam e se contraponha às políticas nefastas que o atual governo tem feito -- de retirar direitos, como a aposentadoria dos mais pobres, e o desemprego que está muito grande”, argumenta Costa. 

A luta pela democracia e soberania brasileiras foi um dos compromissos firmados durante a reunião.

“A segunda questão que também denunciamos são as barbaridades que estão fazendo desde o governo [de Michel] Temer [MDB] e agora no governo Bolsonaro, como a de aumentar ainda mais o preço da energia elétrica para o povo trabalhador. Agora, querem aumentar 42% do preço da energia para os agricultores. É um absurdo”, frisa o coordenador nacional do MAB. 

Edição: Rodrigo Chagas