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Bolsonaro ignora ciência ao promover campanha pela abstinência sexual

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Inspirada no movimento religioso “Eu escolhi esperar”, ministra defende políticas públicas pró-abstinência sexual entre jovens
Inspirada no movimento religioso “Eu escolhi esperar”, ministra defende políticas públicas pró-abstinência sexual entre jovens - Ana Nascimento/MDS/Portal Brasil
Gincana do obscurantismo coloca em risco a vida de jovens e a pesquisa no país

A gincana obscurantista do governo de Jair Bolsonaro avançou duas casas na última semana, colocando em risco a pesquisa no país e também a vida e os direitos sexuais e reprodutivos de adolescentes e jovens no Brasil. 

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A primeira casa avançada foi a indicação de Benedito Guimarães Aguiar Neto para presidir a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que é a principal agência de fomento à pesquisa no país. Ele já defendeu teses criacionistas em detrimento da tese da evolução das espécies. 

A outra casa avançada é a campanha pela abstinência sexual como forma de educação sexual de adolescentes e jovens, liderada por Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

O Ministério da Saúde repassou milhões de reais em recursos para essa estratégia. Há, no entanto, uma série de evidências científicas em revistas internacionais mostrando a ineficácia de programas nacionais e locais que se pautam pela promoção da abstinência sexual para adolescentes e jovens. Todas as revisões, que somam mais de 400 artigos, mostram que esses programas tem baixa eficácia em reduzir a gravidez na adolescência e reduzir o risco de infecções sexualmente transmissíveis, entre elas o HIV/Aids no público adolescente e no público jovem. 

É gravíssimo que uma gincana do obscurantismo coloque em risco a vida das pessoas e que isso seja feito se utilizando de recursos públicos, ainda mais do Ministério da Saúde. 

Já entramos com representações em órgãos de controle para que seja reavaliado o uso de recursos públicos em uma estratégia de promoção da abstinência. Inúmeras revistas internacionais mostram a falência desses programas, sejam iniciativas nacionais ou locais nos Estados Unidos; na Europa; e em países da América Latina e do continente africano. 

Bolsonaro coloca em risco a vida de adolescentes e jovens e a pesquisa no país. 

Edição: Camila Maciel