Erros

Auditoria nas notas do Enem é urgente, segundo diretor de cursinho

Técnicos do Inep dizem que parâmetros não foram recalculados nas provas que sofreram erros na correção

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Problemas decorrentes dos erros cometidos na correção das avaliações dos cerca de 6 mil alunos continuam aparecendo
Problemas decorrentes dos erros cometidos na correção das avaliações dos cerca de 6 mil alunos continuam aparecendo - Antonio Cruz

Para o professor Giba Alvarez, presidente da Fundação PoliSaber e diretor do Cursinho da Poli, o governo deve urgentemente realizar a revisão de todas as notas dos estudantes que prestaram o Enem no ano passado. É a única medida que pode, segundo ele, resgatar a credibilidade da avaliação. Os problemas decorrentes dos erros cometidos na correção das avaliações dos cerca de 6 mil alunos continuam aparecendo, e as autoridades do Ministério da Educação e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) não demonstram a devida transparência, nem vontade para resolvê-los.

Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo publicada nesta quinta-feira (30), o Inep recalculou as notas dos estudantes afetados pelo erro de correção, mas não recalculou os parâmetros para atribuir pesos distintos a cada questão, o que afeta o resultado final emitido. Para os alunos, um erro de um ou dois pontos pode significar a diferença entre a aprovação ou não na universidade desejada nas carreiras mais disputadas.

As falhas acarretaram a suspensão da divulgação dos resultados do Sisu, após determinação da Justiça. Os resultados foram liberados, na última terça-feira (28), após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

“Na defesa enviada ao STJ, o governo reconhece que vários itens da prova não foram pré-testados. Isso mostra que as médias dos alunos podem sofrer alternações. Um estudante que conseguiu uma nota de 752 poderia chegar a 754. Por conta de dois pontos ele pode ter ficado de fora do curso de Medicina, por exemplo. O que o governo necessita fazer urgentemente é uma auditoria nas notas de todos os alunos, para recalcular a proficiência, para dar credibilidade à avaliação, fazendo com que o estudante com a sua média correta possa acessar o ensino superior”, afirmou Giba ao jornalista Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta quinta-feira (30).

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Segundo o educador, o Inep foi contaminado por interferências ideológicas do atual governo, que chegou a afastar técnicos da coordenação do instituto, substituídos por indicações políticas. “É uma disputa ideológica sem sentido que atrapalhou todo o planejamento do ministério da Educação. Todos têm o direito de saber se tiveram condições ou não de ingressar no ensino superior. Infelizmente, em nome de uma disputa ideológica sem sentido, o ministério se esqueceu de fazer o devido planejamento. O que estamos vendo é uma incompetência técnica associada à falta de planejamento”, disse Giba.

Em vídeo divulgado na última sexta-feira, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, chegou a negar os erros na correção das provas que foram apontados pelos estudantes. Ele alegou que muitas das reclamações estavam sendo feitas por alunos vinculados a “um partido radical de esquerda”. Noutro sintoma de ideologização, o ministro acatou reclamação realizada pelo Twitter por um pai bolsonarista, enquanto bloqueava os demais com posicionamento mais crítico.

Edição: Rede Brasil Atual