Minas Gerais

Luta

Professores da rede estadual de Minas deflagram greve. Entenda o porquê

Paralisação é por tempo indeterminado. Trabalhadores denunciam desemprego e defendem que escolas permaneçam públicas

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Luta para que o Governo de Minas cumpra a legislação e pague o piso aos professores e professoras já dura 12 anos - Isis Medeiros/SindUTE-MG

Professores da rede estadual de Minas Gerais estão em greve por tempo indeterminado a partir do dia 11 de fevereiro, um dia depois da data de volta às aulas no calendário escolar. A categoria tomou a decisão em assembleia realizada nesta quarta (5), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

As principais reivindicações são o pagamento do piso salarial, e a defesa do emprego e da escola pública. A luta para que o Governo de Minas cumpra a legislação e pague o piso aos professores e professoras já dura 12 anos.

"Sabemos que o piso não é novidade nenhuma para o governador. A defesa do emprego é porque, de um ano e meio pra cá, estamos enfrentando uma situação de desemprego estrutural na categoria por conta do processo de fechamento e fusão de turmas, plano de atendimento e a matrícula que não funciona", declara a coordenadora geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (SindUTE/MG), Denise Romano, que vestia o uniforme laranja dos petroleiros, que estão em greve há quase uma semana.

Os trabalhadores e trabalhadoras da educação, que pela primeira vez no estado enfrentam o fantasma do desemprego em massa, votaram em peso pela paralisação, como mostra vídeo gravado pelo Brasil de Fato.

Sem aluno, não tem professor


Manifestação dos professores e professoras de Minas em defesa do emprego e do piso salarial / Raíssa Lopes/Brasil de Fato

Paulo Henrique Fonseca, diretor estadual do SindUTE, explica o ciclo vicioso que atinge, neste momento, estudantes, pais e professores. "Com a justificativa do sistema online de matrículas, o governo tem excluído pessoas do direito de se matricularem na rede estadual. Coloca alunos longe de casa, separados dos irmãos, fazendo com que muitos tenham que procurar redes municipais ou até mesmo o setor privado. E nosso emprego, como o emprego dos funcionários administrativos e de serviços básicos, é resultado do número de matrículas. Reduzindo as matrículas, reduz o número de trabalhadores. E assim pavimenta mais ainda o fechamento de turmas, de turnos, de escolas", ressalta.

De acordo com Paulo, a estratégia faz parte do projeto de governo de Zema, que antes sucateia o serviço público para 'justificar' a privatização.

Calendário e deliberações

Após o início da greve, a categoria planeja uma movimentação nas escolas nos dias 13 e 14 de fevereiro e um bloco/protesto no carnaval. Durante a assembleia de quarta, os professores deliberaram, além do apoio à greve dos petroleiros, uma moção de repúdio contra as atitudes de censura do reitor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Janir Alves Soares, nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro sem que tivesse a maioria dos votos da comunidade universitária.

Atualmente, os professores do estado de Minas Gerais recebem R$ 1.982,54. A categoria luta pelo piso de R$ 2.886,24.


"Este é o piso salarial que um professor merece: R$ 6.358,96. Se o Maranhão pode, Minas Gerais também pode". Foto: Raíssa Lopes/Brasil de Fato

 

Edição: Elis Almeida