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Coronavírus: argentinos estão em aeroportos do Brasil sem conseguir voltar para casa

Consulado no Rio disse que chance de voos para a Argentina "não é otimista"

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Argentinos no aeroporo Galeão
Cidadãos argentinos estão há quase uma semana dormindo no aeroporto internacional Galeão - Reprodução

Cerca de 400 cidadãos argentinos estão há quase uma semana dormindo nos aeroportos internacionais Galeão, no Rio de Janeiro, e Guarulhos, em São Paulo, por não terem conseguido embarcar de volta para a Argentina. Nos últimos dias, diversos voos foram cancelados em razão da pandemia mundial do coronavírus.

Entre os argentinos está a assistente social Sasha Acerbo. Em conversa com o Brasil de Fato, ela conta que embarcou na última segunda-feira (23) em um voo da Latam saindo do Rio de Janeiro, com a promessa de que o destino final da aeronave fosse a capital argentina, Buenos Aires. No entanto, o avião desceu no aeroporto internacional de São Paulo.

“Nos enviaram para São Paulo para fazermos uma escala e seguirmos para a Argentina. Mas isso não aconteceu. A Argentina não está autorizando os voos e a companhia aérea é uma estafa, o único que faz é oferecer voos para que as pessoas sigam comprando”, disse Sasha, acrescentando que a maioria dos turistas não tem mais dinheiro para se manter no Brasil.

Em vídeos enviados para a nossa reportagem, argentinos fazem protestos no Galeão para que haja algum tipo de assistência. Nos vídeos, funcionários da Latam argumentam que a companhia está tentando obter aeronaves para levar os argentinos de volta para suas casas, mas até o momento nenhuma solução havia se concretizado.

A assistente social argentina disse, ainda, que os turistas se queixam do consulado no Rio de Janeiro. Segundo Sasha, o consulado disse que existe o risco de muitos terem que aguardar até o final de abril em solo brasileiro até que a situação se normalize. “Se há lugar no avião, tudo bem, se não há, ficamos aqui. É como uma competição”, afirma.

"E ainda estamos expostos às maiores vulnerabilidades e riscos sanitários. Aqui, ninguém nos forneceu álcool em gel, máscaras, água e muito menos alimentação e condições de higiene pessoal, além de que continuam circulando os outros voos de pessoas que vêm de zona de risco. O Consulado só nos fez presente para nos exigir que completemos um questionário virtual. Não assessora, não acompanha", reclamou Sasha.


Argentinos tentam encontrar solução junto às companhias aéreas para conseguirem voltar para casa / Arquivo pessoal

Governo argentino

O Brasil de Fato entrou em contato com o Consulado da Argentina no Rio de Janeiro. Em nota, a representação argentina no Rio admitiu que não há previsão de custeio da estada dos cidadãos argentinos no Brasil e que os mesmos devem entrar em contato com familiares para tentar resolver a situação. 

O Consulado informou também que “a situação geral em matéria de voos não é otimista”. A companhia Aerolíneas Argentinas realiza uma lista de espera, mas não tem voos confirmados para os próximos dias. Já as empresas Gol, Azul e Latam também estão criando listas de espera, mas o Consulado não soube informar se há voos programados para os argentinos.

Uma das opções propostas pelo Consulado é que os cidadãos argentinos tomem voos domésticos, especialmente para Foz do Iguaçu. Segundo a representação argentina no Rio, mais de 10 mil argentinos que estavam no Brasil conseguiram voltar para casa por este caminho desde o início das medidas de cancelamento de viagens aéreas.

Desde a semana passada, o Governo da Argentina vem suspendendo voos internacionais provenientes de zonas afetadas pelo coronavírus para “proteger os 40 milhões de argentinos da pandemia”, afirma o comunicado do governo. “Uma das medidas que mais impactam no exterior é a estratégia de ir dando maior intervalo de voos que voltam ao país para poder fazer um controle efetivo nas fronteiras”.

Edição: Vivian Virissimo