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O imperialismo dos EUA fica neste momento ainda mais agressivo?

Mantém o bloqueio à Cuba, mesmo com a importância dos médicos da ilha neste momento

Curitiba (PR) |
O Brasil, infelizmente, é o líder disparado de casos no subcontinente latino-americano - Kevin Lamarque Reuters

Há dois dias, alcançamos 951 mil casos de coronavírus no mundo e, somente na Europa, mais de 20 mil mortes, de acordo com Johns Hopkins University. Olho o índice um dia depois e já se passa 1 milhão de pessoas. Os números crescem diariamente.

O colapso dos sistemas de saúde são a maior preocupação mundial, resultado de governos que demoraram para refazer suas orientações, medidas preventivas e políticas protetivas nas áreas de saúde, assistência social e trabalhista.

O Equador, por exemplo, com epicentro da cidade de Guayaquil, é o exemplo de uma situação descontrolada na América Latina. No México, por sua vez, o sistema de saúde estima que 306 mil pessoas serão infectadas, das quais 214 mil necessitarão atendimento.

Com isso, vai ficando nítido, menos para o presidente brasileiro, que as consequências à tão famigerada economia podem ser ainda maiores se as mediadas de quarentena não são adotadas com eficácia.

Como artigo recente do Instituto Tricontinental aponta: “De acordo com o estudo COVID-19 Response Team, da Universidade Britânica Imperial College, mesmo com a estratégia de supressão da pandemia baseada em quarentenas até que uma vacina seja desenvolvida e produzida em larga escala, a capacidade hospitalar seria superada em 8 vezes, e o número de mortos na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos chegaria, respectivamente, a 250 mil e 1,1 milhão, em um cenário otimista”.

Neste período de crise, ao menos, as orientações políticas e os objetivos de cada governo se revelam.

O Brasil, infelizmente, é o líder disparado de casos no subcontinente latino-americano, resultado da ausência de políticas sociais efetivas e das sinalizações frouxas de Bolsonaro à população. A mesma incompetência de um Trump que flexibilizou medidas em New Jersey e New York, locais de forte contágio da crise nos EUA.

E o que faz o governo daquele país, novo epicentro da crise sanitária, e que não consegue atender seus próprios trabalhadores?

Na política internacional, a politica imperialista dos EUA segue agressiva. Mantém o bloqueio à Cuba, mesmo com a importância dos médicos da ilha neste momento. Ocorre também a aplicação da maior desestabilização já sofrida pelo governo da Venezuela desde a morte de Chávez, em 2013. A acusação da Casa Branca, novamente como no caso do Iraque (2003), sem nenhuma evidência, cria a ideia de que altos funcionários do governo Maduro, e ele próprio, estariam envolvidos com narcotráfico e terrorismo. Um filme novo, mas com enredo já conhecido.

Uma guerra híbrida baseada totalmente na inversão de valores.

Mesmo a sinalização recente do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, de uma possível diminuição de sanções contra o Iran, é mais uma demonstração de fraqueza neste momento de crise do que de abertura política da “principal democracia” do planeta. Não se pode ignorar também o que significou o episódio de ataque iraniano contra base estadunidense no Iraque, no início do ano, uma das primeiras reversões sofrida pelos EUA durante esse período de ações no Oriente Médio e norte da África. 

Com isso, nada impede que o governo estadunidense fique ainda mais reativo e agressivo neste período, buscando reservas naturais futuras e precisamos lembrar que a Venezuela possui as maiores reservas mundiais de petróleo. E ainda mais diante do protagonismo que a produção chinesa vem ganhando neste período.

A movimentação de grande contingente das tropas da Otan na Europa - cerca de 20 mil soldados no mês de março - também é um sinal de como os EUA buscará se reposicionar neste momento de convergência de crises.

 

Edição: Lucas Botelho