Pernambuco

Pandemia

Cooperação internacional, médicos e renda são prioridades para Consórcio Nordeste

O Brasil de Fato Pernambuco entrevistou Maria Fernanda Coelho, subsecretária do consórcio sobre as iniciativas em curso

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Governadores do Nordeste buscam saídas conjuntas aos impactos da pandemia - Roberta Aline

Com a aceleração da pandemia de coronavírus na região, os governadores vêm, através do Consórcio Nordeste, pensando saídas conjuntas para superar obstáculos como a distribuição de renda, a compra de equipamentos médicos e contratação de profissionais e a assistência a população das cidades de pequeno porte e da zona rural. Para entender as iniciativas em curso, o Brasil de Fato Pernambuco entrevistou Maria Fernanda Coelho. A pernambucana é ex-presidente da Caixa Econômica Federal, conduziu programas como o Minha Casa Minha Vida e o Programa de Aceleração do Crescimento e atualmente Subsecretária de Programa do Consórcio Nordeste. Confira os principais pontos da conversa:

Cooperação Internacional
Desde o início da pandemia, os governos estaduais têm tratado desse tema de forma permanente, seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), tanto para evitar a disseminação da doença quanto para ter tempo para estruturar o sistema de saúde, com a criação de novos leitos, de hospitais de campanha, da compra de EPI’s e de respiradores. Nesse sentido, surge o Comitê Científico do Consórcio Nordeste, para reunir essas informações e articular e orientar os governos em relação à pandemia. Maria Fernanda ressalta que a iniciativa já rendeu frutos: “Um deles foi o anúncio da compra de respiradores, que já foi feita e estamos esperando receber na próxima semana”. Além das recomendações da manutenção do isolamento, instruções de desinfetação de locais públicos, e o comitê também criou o app Monitora covid-19, que já está em uso. No aplicativo, as pessoas preenchem um formulário e isso gera um mapa com todas as subregiões do nordeste onde há pessoas potencial de contaminação. 

Contratação de Médicos
A formação da Brigada Especial de Saúde no Nordeste, anunciada na última semana, vem sendo organizada desde o começo do mês de abril. De acordo com dados da Associação Médica Brasileira, o Brasil tem uma média de 2,2 médicos a cada mil habitantes, o nordeste tem 1,55 e alguns estados têm menos, a exemplo do Maranhão, que tem 0,93. O baixo índice de médicos contrasta com o contingente de 17 mil profissionais brasileiros que são formados no exterior e que, por não terem feito o Revalida, estão impossibilitados de exercer a profissão, de acordo com estimativa da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem). A subsecretária afirma que o objetivo da brigada é “criar grupos de saúde fazendo trabalhos nas áreas rurais, comunidades pesqueiras, quilombolas, assentamentos, onde você ainda faz o trabalho como uma brigada de saúde da família, onde você vai ao local para evitar o congestionamento e o deslocamento para os grandes centros e poder ter o atendimento na moradia e na região onde a pessoa está, tratando os pacientes no local e evitando o agravamento de sintomas” explica. 

Agricultura Familiar
Antes mesmo da pandemia de coronavírus, o Fórum de Gestores e Gestoras da Agricultura Familiar, que existe desde 2015, já debatia soluções conjuntas para gerar renda para as famílias agricultoras e garantir o escoamento da produção para escolas, hospitais, instituições governamentais e também para o comércio nas cidades. A proposta que o Comitê Emergencial do Campo vem estudando a regionalização de políticas como Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que faz a compra de alimentos da agricultura familiar e doa para entidades que atendam pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional e recebe o nome de Programa de Alimentação Saudável (PAS), sendo uma espécie de PAA nos nove estados do nordeste. 

Auxílio Emergencial 
Ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda ressalta que a crise do Auxílio Emergencial não é responsabilidade única do banco, mas da falta de vontade política do governo federal “vale ressaltar que o governo nem queria dar esse auxílio, depois anunciou o valor de 200 reais por família e foi a oposição, os partidos de esquerda que fizeram uma contraproposta com o valor de R$600, chegando aos R$ 1200 em caso de famílias monoparentais”. Ela também ressalta que bancos públicos como a Caixa Econômica e bancos regionais como o Banco do Nordeste são essenciais não apenas no sentido de garantir a implementação da políticas de distribuição de renda, mas de criar e manter uma ferramenta de mapeamento socioeconômico da população, que é o CadÚnico, que se mostrou essencial para assegurar o recebimento de parte das famílias que necessitam do benefício “A Caixa foi competente: em poucos dias criou e disponibilizou o aplicativo, vem tentando organizar o atendimento nas agências. Claro que existe um problema porque nem todo mundo que precisa conseguiu se cadastrar ou receber o auxílio, mas isso precisa de iniciativa do governo federal”.

Edição: Marcos Barbosa