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Pesquisadores da Fiocruz buscam novo coronavírus no esgoto para prevenir disseminação

A ideia é acompanhar a disseminação do vírus para detectá-lo antecipadamente em determinadas regiões

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Pesquisadoras da Fiocruz em atividade de coleta de amostras em Niterói - Fiocruz/Divulgação
A ideia é acompanhar a disseminação do vírus para detectá-lo antecipadamente em determinadas regiões

Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a prefeitura de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, busca verificar a presença de material genético do novo coronavírus em amostras do sistema de esgotos da cidade.

Desde 15 de abril, eles coletam e analisam amostras de 12 pontos de Niterói, incluindo estações de tratamento de esgotos (ETEs), pontos de descarte de efluente hospitalar e rede coletora de esgotos, nos bairros de Icaraí, Jurujuba, Camboinhas, Maravista, Sapê e nas comunidades do Palácio, Cavalão, Preventório, Vila Ipiranga, Caramujo, Maceió e Boa Esperança. 

O objetivo é acompanhar o comportamento da disseminação do vírus ao longo da pandemia da covid-19 para detectar antecipadamente a presença do vírus em determinadas regiões.

"A gente consegue detectar, na rede de esgoto, a presença de fragmentos virais em regiões mesmo onde existem poucas notificações no sistema de saúde ou até ausência de notificações, porque as pessoas estão assintomáticas", explica a pesquisadora Camille Mannarino, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, da Fiocruz.

Segundo ela, a ideia é oferecer os dados às autoridades de saúde, para que trabalhem com prevenção em vez de tratar a doença depois que se espalha. "Por conta disso, a gente consegue antecipar para a vigilância em saúde onde estão os casos. A vigilância em saúde, por meio de agentes comunitários de saúde, da Estratégia da Saúde da Família, consegue agir naquela localidade, evitando a proliferação e a transmissão da doença", diz Mannarino.

Resultados

Na primeira semana de pesquisa, foi possível detectar material genético do novo coronavírus em amostras de esgotos em cinco dos 12 pontos de coleta: três poços de visita (PVs) de troncos coletores do bairro de Icaraí e nas entradas das estações de tratamento de esgoto Icaraí e Camboinhas.

Como metodologia, utilizou-se o método chamado de ultracentrifugação, tradicionalmente empregado para concentração de vírus em esgotos, associado a técnica do teste diagnóstico RT-PCR (transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase, tradução da sigla em inglês) em tempo real, indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os dados foram publicados na seção Fast Track da revista científica 'Memórias do Instituto Oswaldo Cruz', que permite a divulgação acelerada de pesquisas relacionadas à pandemia.

A previsão dos pesquisadores é de que, na primeira etapa do projeto, o monitoramento seja feito durante quatro semanas, com possibilidade de prorrogação.

Edição: Camila Maciel