Rio de Janeiro

Alerta

Análise da Fiocruz aponta que nenhum estado teve redução da transmissão de covid-19

Diminuição dos casos graves e aumento da disponibilidade de leitos não deve ser o único critério para a flexibilização

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Estudo alerta que as medidas de relaxamento do isolamento social nas cidades maiores e nas capitais representam um risco para o agravamento do impacto da epidemia - Jaqueline Deister

Uma análise dos pesquisadores do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz) aponta para o risco de se adotar políticas de flexibilização do isolamento social nas grandes metrópoles, enquanto aumenta a interiorização da epidemia de Sars-CoV-2, o vírus causador da doença covid-19. O estudo mostra que a epidemia está crescendo nos municípios que são mais dependentes do sistema de saúde dos grandes centros urbanos, que correm o risco de logo ficarem novamente saturados por pacientes das cidades menores, e mais uma vez perto de seu limite de atendimento. 

A Nota Técnica do sistema MonitoraCovid-19 — A epidemia e os tempos epidêmicos é apoiada em uma nova metodologia de monitoramento da epidemia, que mostra a semana de maior concentração de casos (“pico”), o que permite identificar e comparar tendências entre estados e municípios. Nenhum estado apresenta até o momento sinais de redução da transmissão de covid-19, permanecendo com um alto número de casos e óbitos, mesmo depois de passada a semana de máximo número de casos. Essa tendência pode configurar um patamar alto de transmissão (“platô”), que pode se prolongar indefinidamente. 

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“As medidas de relaxamento do isolamento social nas cidades maiores e nas capitais, sobretudo quando essas cidades apresentam comportamento ascendente das curvas de óbitos, representam um risco para o agravamento do impacto da epidemia, tanto devido ao aumento da possibilidade de difusão de casos para cidades do interior, quanto pela sobrecarga dos serviços de saúde que isso pode provocar nas capitais e cidades de maior porte. Um aumento mesmo que pequeno dos casos graves nas grandes cidades e nas capitais, somado ao aumento da demanda dos municípios do interior, configura um cenário delicado e que pode, em última análise, ocasionar o colapso no atendimento de saúde”, destaca a cartógrafa Mônica Magalhães, participante do projeto.

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A Nota Técnica do MonitoraCovid-19 faz ainda um alerta: “a diminuição dos atendimentos de casos graves e, consequentemente, o aumento da disponibilidade de leitos de UTI é um dos critérios que devem ser considerados para se adotar medidas de relaxamento, mas não o único.  O comportamento das curvas de casos e óbitos, o ritmo e a tendência do contágio, além de expansão da capacidade de testagem para identificar casos e isolar e rastrear os contatos devem ser considerados como alicerces para a retomada das atividades econômicas”.

Fonte: Icict/Fiocruz

Edição: Mariana Pitasse