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Julho das Pretas 2020

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Desde 1992, o dia 25 de Julho é comemorado como o Dia Internacional da Mulher Afro-Latina, Americana e Caribenha - Giorgia Prates
O movimento é voltado especialmente para o fortalecimento das organizações de mulheres negras

No Brasil, todas as organizações do movimento de mulheres e em especial o de mulheres negras estão desenvolvendo atividades do Julho das Pretas. No Paraná é organizado desde 2017. Este ano a programação iniciou dia 3 de julho. Devido ao contexto da pandemia, todas as atividades estão sendo online, podendo ser prestigiadas nas plataformas das redes sociais.

Desde 1992, o dia 25 de Julho é comemorado como o Dia Internacional da Mulher Afro-Latina, Americana e Caribenha. Essa data marcou o último dia do primeiro Encontro Internacional de Mulheres Afro-Latinas Americanas e Afro-Caribenhas, realizado em Santo Domingos, na República Dominicana. A data simboliza a luta das mulheres negras por uma sociedade justa e livre de todas as formas de preconceito, discriminação e violência.

No Brasil, o Dia 25 de Julho homenageia Tereza de Benguela, líder do Quilombo de Quariterê – MT; por meio da Lei 12.987/2014 a data tornou-se o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

O Julho das Pretas é um movimento criado pelo Odara (Instituto da Mulher Negra, de Salvador), em 2013, com o objetivo de formar uma programação de atividades organizada por mulheres negras da Bahia e região nordeste, e que “anuncia a Marcha Nacional das Mulheres Negras Contra o Racismo e Pelo Bem Viver na Bahia”, ocorrida em 2015. Após a marcha, as demais regiões do Brasil aderiram ao movimento, voltado especialmente para o fortalecimento das organizações de mulheres negras.

Dias atuais

Em 2020, para além do motivo que foi criado o Julho das Pretas, especialmente nos últimos meses sobram assuntos a serem debatidos relacionados ao racismo: a morte do adolescente João Pedro dentro de casa pela polícia no Rio de Janeiro; de Miguel, de 5 anos, após ser abandonado no elevador e cair de prédio no Recife; de George Floyd, asfixiado por policiais nos Estados Unidos e todas as manifestações consequentes, inclusive em Curitiba.

Soma-se a isso as condições de vida e saúde que a população negra vem enfrentando com a Covid-19, maior percentual de acometidos pela doença e número de óbitos. As mulheres com subemprego e agora muitas desempregadas continuam a trabalhar enfrentando ônibus lotados e, quando voltam para casa, na periferia, é um lugar que não permite isolamento social, enfrentando falta de água e as consequências do ciclone na região, até falta de luz. O que contribui com o crescimento avassalador da pandemia.

É mais que evidente neste momento o quanto é necessário que o Sistema Único de Saúde (SUS) seja fortalecido, bem como todas as demais políticas públicas incluindo as universidades, pois a população negra, SUSdependente, mais do que nunca precisa de assistência.

Edição: Pedro Carrano