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A dimensão invisível na pandemia de jornalistas que são mães

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A pesquisa direcionada às mães jornalistas pode ser encontrada no site da FENAJ e está disponível até o dia 17 de agosto - Divulgação
Quem é o responsável pelo cuidado dessas crianças durante a pandemia?

Eu situo essa proposta de reflexão a partir de uma categoria específica das trabalhadoras, as jornalistas, mas ser mãe é condição estruturante em diversas outras atividades também decretadas essenciais na pandemia.

Daqui desse meu lugar de fala, de ser mãe há sete anos, de minha condição de jornalista solo, de mãe em home office, de criar filha numa família de duas e ter que sempre arranjar alguma estratégia nova para ir ao mercado, fui pega no final de julho por um vulcão em erupção chamado “outras pessoas estão decidindo sobre a volta às aulas ainda com a pandemia em alta e ninguém me pergunta nada sobre o que eu acho disso”.

Eu poderia aqui listar as diversas condições (veja bem, em situação de privilégio) que nós duas, filha com aula em vídeo e mãe em teletrabalho, estamos compartilhando enquanto almejamos um cancelamento do ano letivo em 2020 que não vem, mas entre uma leitura e outra sobre contras e contras de retomarem as aulas presenciais, eu buscava dados.

Quem é o responsável pelo cuidado dessas crianças durante a pandemia? Quantas mães têm direito ao home office? O que essas pessoas pensam sobre volta às aulas num contexto de pandemia ainda crescente? Quantas jornalistas mães são as únicas responsáveis pelas crianças? Quantas compartilham cuidados? Quantas estão trabalhando nas ruas e quantas em casa? Como estão as condições de trabalho de mães que também são responsáveis pelos cuidados de outras pessoas além de seus filhos?

Nós que somos parte de lutas coletivas ainda temos muito latente a sensação de impotência na atual conjuntura. Mas é preciso fazer esse registro histórico, de todas as dimensões possíveis dos impactos da pandemia na vida das pessoas. Diante desse apagão de dados e da importância de se tratar da perspectiva de gênero ao olhar para as condições de trabalho na pandemia e nos atravessamentos dessas condições para as mulheres que são mães, a Comissão de Mulheres da Federação Nacional dos Jornalistas convoca as mães jornalistas a responderem uma pesquisa que aborda esses diversos elementos. Um convite, também às diversas outras categorias que representam as mães trabalhadoras.

São muitas as dimensões da pandemia. Crise de saúde, sanitária, econômica, política. No Brasil, potencializadas, deliberadamente, pelo poder público, que se fosse somente omisso já seria potencialmente responsável por essas 100 mil mortes no país. Mas a dedicação do presidente Jair Bolsonaro em ser um ativista contra as medidas de contenção da pandemia torna ainda mais distante nossa luta pela sobrevivência.

A pesquisa direcionada às mães jornalistas pode ser encontrada no site da FENAJ e está disponível até o dia 17 de agosto.

Edição: Pedro Carrano