Rio Grande do Sul

LUTA POR DIREITOS

Carreata do SindBancários em Porto Alegre chama atenção para campanha salarial

Bancários criticam proposta de reajuste zero e cortes de benefícios enquanto bancos seguem lucrando bilhões na pandemia

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Devido à pandemia, categoria promoveu carreata em protesto contra propostas que retiram direitos dos trabalhdores - Reprodução

Os bancários realizaram uma carreata por ruas e avenidas de Porto Alegre, neste domingo (23), para chamar a atenção da população para as reivindicações da categoria. A atividade é uma alternativa aos atos de rua em tempos de pandemia, para evitar aglomerações e garantir a preservação da saúde. Em tom de denúncia e indignação, os bancários criticaram os ataques aos seus diretos nas mesas de negociação com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), na Campanha Salarial 2020.

De cima do caminhão de som, dirigentes se alternavam nas críticas. As falas destacaram que os bancos continuam lucrando e querem recuperar um lucro menor, durante a pandemia, compensando perdas com retiradas de direitos dos bancários em todo o país. Entre as críticas, a lembrança de que não tem motivo para atacar verbas salariais conquistadas com muitas lutas, já que o governo federal ajudou com isenções fiscais de mais de R$ 1 trilhão para o setor financeiro assim que a crise do novo coronavírus se iniciou no país. Além disso, somente os cinco maiores bancos do país lucraram cerca de R$ 30 bilhões no primeiro semestre.

Conforme explica o presidente em exercício do SindBancários, Luciano Feztner, na rodada de negociações que ocorreu no sábado (22), “os bancos finalmente negociaram as cláusulas referentes ao teletrabalho e recuaram da discussão sobre reduzir a nossa cesta alimentação. Mas insistem em não aplicar reajuste no salário, seguem falando em reajuste zero sendo que 42% das categorias que negociaram esse ano tiveram reajustes". A Fenaban também que reduzir gratificações e a Participação nos Lucros e Resultados (PLR).

O Comando Nacional dos Bancários, do qual o SindBancários participa através de seu presidente em exercício, tem agendado com a Fenaban nova rodada de negociações na terça-feira (25). A reunião ocorre no mesmo dia em que sindicato está convocando, às 18h, assembleia virtual para avaliar coletivamente o andamento das negociações e pensar nos próximos passos da campanha nacional unificada.

"Banco nunca se dá mal"


Carreata foi puxada por carro de som onde dirigentes se alternavam nas críticas / Reprodução

Luciano exaltou a importância da carreata, que reuniu dezenas de bancários e bancárias. “Nesta pandemia está mais do que provado que, se não fosse o sangue e o suor dos trabalhadores, muitas empresas estariam fechadas. Somos nós, os trabalhadores de todo o país, que garantimos o lucro das grandes empresas. E os bancos são as grandes empresas que mais lucraram, com ou sem pandemia. Exigimos respeito dos bancos”, afirmou.

Para o diretor da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras RS (Fetarfi-RS), Sergio Hoff, os bancos estão no caminho errado do que se espera de instituições financeiras que lucram muito. Afinal, aumento de salário injeta recursos no mercado e ajuda os mais variados setores da economia a superarem crises. “Sabemos que redução de lucro dos bancos não é prejuízo. É lucro ainda. Não podemos permitir que retirem nossos direitos num momento como este. Tudo que o banqueiro quer é retirar o fruto da luta que fizemos por vários anos”, salientou Sergio.

Para o diretor de saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Mauro Salles, nem na pandemia os bancos agem no interesse de ajudar o país. “Quando é que banco se dá mal? Banco nunca se dá mal. Quem se dá mal é o pequeno comerciante, o pequeno empresário e o trabalhador. Até mesmo com a atividade econômica em baixa, quem se dá bem são os bancos”, acrescentou Mauro.

* Com informações do SindBancários

Edição: Marcelo Ferreira