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Coluna

Os desafios da vacinação para Covid-19

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Ter uma ou mais vacinas aprovadas é apenas uma das etapas de toda uma cadeia de produção até que ela chegue à população - Ingrid Anne/Semcom
Ou a vacina chega para todos ou não serve para a realidade brasileira

Em meio às notícias de retomada do crescimento da Covid-19 no Brasil e no mundo, as pesquisas para desenvolvimento das vacinas contra o novo Coronavírus seguem a todo vapor. Não temos datas ainda, mas inegavelmente estamos presenciando um ritmo nunca antes visto, fruto de uma forte concentração de esforços e investimentos em todo o planeta. Afinal, não nos restam dúvidas hoje de que serão as vacinas a nossa grande esperança concreta para a retomada de uma dita normalidade.

Contamos na casa das dezenas as vacinas que estão em diversos estágios de desenvolvimento em todo o mundo. Algumas delas já estão em seus estágios finais e, confirmadas as tendências, deverão estar liberadas para produção em poucos meses (ou até mesmo semanas). Quatro delas, inclusive, que já estão em seu último estágio de pesquisa, passam por testes aqui em território brasileiro. Este assunto, ao fim, talvez seja o que mais nos traz notícias boas nas últimas semanas.

Entretanto, é preciso falar da parte mais difícil: ter uma ou mais vacinas aprovadas é apenas uma das etapas de toda uma cadeia de produção até que ela chegue à população. Particularmente me preocupam a nossa capacidade de produção das vacinas, no ritmo e na quantidade que necessitamos, e toda a logística de distribuição em um país tão grande e com tantas disparidades sociais.

O espaço disponível nesta coluna não me permite aprofundar o tanto necessário para entrar nos detalhes que este assunto exige. Mas independente dos cenários e das possibilidades, há um outro elemento que torna nossa situação ainda mais dramática: o governo federal até agora não parece ter nenhum plano que dê conta desta realidade. Pior que isso, o ministro da saúde, o paraquedista Pazuello, sequer tem aparecido desde que foi humilhado pelo presidente da República.

É inaceitável o que o Governo Federal segue fazendo conosco. E sem uma coordenação central, corremos ainda uma risco a mais, que é o da distribuição desigual de vacinas a depender da força política ou econômica dos estados brasileiros. E isso também não aceitável e fere vários princípios do SUS. Ou a vacina chega para todos ou não serve para a realidade brasileira.

Edição: Vanessa Gonzaga