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“Jogo do empurra” atrapalha medidas contra a covid-19

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O Governo Federal foi o primeiro a se desresponsabilizar com a saúde dos brasileiros - Divulgação
Sem pessoas, não há economia que se sustente

O aumento de casos e internamentos por covid-19 é um dado concreto em nosso país. Independente se você quer chamar de segunda onda ou ainda de reativação da primeira. A denominação é o de menos. O que é importante é que fique bem evidente que os números estão crescendo e os riscos são enormes para uma população já tão castigada e que superou, nestes últimos dias, a marca de 175 mil mortes só no Brasil. 

Junto a este recrudescimento da covid pelas bandas de cá, começa uma onda do que poderia ser chamado até de “jogo do empurra”: instâncias governamentais que deveriam estar unidas em defesa do país começam a querer colocar a culpa da falta de controle para o outro. O Governo Federal foi o primeiro a se desresponsabilizar com a saúde dos brasileiros. E agora, muitos governos estaduais e municipais parecem estar adotando a mesma fórmula.

O que prefeitos, governadores e até o Governo Federal precisam entender é que a Covid-19 não é uma doença localizada e precisa de um combate unificado, dada a sua fácil transmissão. Em um governo sério, teríamos o Ministério da Saúde coordenando, 24 horas por dia, os esforços nacionais contra a covid-19, com os estados e municípios agindo de acordo com a realidade de cada região brasileira. 

Com governos realmente preocupados com a população, a ciência poderia estar sendo utilizada para salvar vidas. Afinal, diferente do início da pandemia, quando muito pouco sabíamos sobre o comportamento do vírus e sobre as melhores formas de cuidar das pessoas mais graves, agora a literatura científica em saúde está muito mais repleta de orientações que deveriam estar sendo tomadas pelos governos locais.

Por exemplo, sabe-se que ambientes fechados, que estimulam concentrações e comportamentos mais descuidados, são os locais mais arriscados para transmissão. Então é preciso controlar locais como bares, restaurantes e academias. Assim como fiscalizar o comércio. Não se trata de simplesmente fechá-los, mas garantir, inclusive com estímulos fiscais, que funcionem de outras maneiras. Seja nas entregas à domicílio ou no estímulo a atividades ao ar livre, para academias, por exemplo.

Há muitas saídas possíveis, sendo algumas mais fáceis e outras nem tanto. O que não é aceitável são os prefeitos e governadores seguirem o exemplo de Bolsonaro e ficarem inertes, sem agir. Não existe dicotomia entre salvar vidas ou economias. Sem pessoas, não há economia que se sustente. Não podemos perder tempo.

Edição: Vanessa Gonzaga