Tecnologia

Celular causa câncer?

Em relatório de 2011, OMS classificou os celulares como possivelmente cancerígenos

Ouça o áudio:

Ondas de alta frequência são capazes de causar mutações de DNA que configuram o câncer - Marcelo Casal Jr/Agência Brasil
Pesquisas ainda são inconclusivas sobre o efeito da radiação do celular

No último texto escrevi sobre as gerações das redes de telefonia móvel. A leitora Silvana Alves, muito gentil, nos sugeriu uma continuidade para o tema! Quis saber quais os riscos da internet 5G (e dos celulares e antenas de modo geral) para a saúde humana no que diz respeito à radiação emitida. Ela pode causar câncer?

Essa é uma questão bastante controversa. Como a popularização dos celulares é algo recente, as pesquisas ainda são inconclusivas. O que contribui para a polêmica em torno do tema.

Há estudos que demonstram certa relação, apesar de baixa, entre o aparecimento de tumores e a radiação emitida pelos celulares. Em um experimento divulgado em 2018 pelo Departamento de Saúde dos EUA, observou-se a ocorrência de câncer em ratos expostos à essa radiação.

Contudo, as principais agências científicas que revisam estudos em torno do tema até o momento concluem que os aparelhos e antenas são seguros. Em relatório de 2011, a OMS classificou os celulares como possivelmente cancerígenos. O que significa dizer que não há evidências ainda que afirmem nem uma coisa nem outra, e que é preciso seguir as pesquisas na área.

Vamos pensar no que é o câncer e o que é a radiação para entender melhor a questão?


Os celulares emitem radiação na forma de ondas eletromagnéticas. Como mostra a figura acima, elas são classificadas de acordo com sua frequência / Reprodução

Os celulares emitem radiação na forma de ondas eletromagnéticas. Como mostra a figura acima, elas são classificadas de acordo com sua frequência. As de alta frequência, como o raio-x, ao se propagarem “passam” várias vezes num mesmo espaço pequeno. Já as de baixa frequência, como as do celular, passam poucas vezes. Para se ter uma ideia, a distância entre dois picos de uma onda de rádio é de vários metros, enquanto a de um raio gama é menor do que um átomo. 

O câncer é resultado da proliferação desordenada de células causada pela mutação no DNA das mesmas. Sabe-se, desde o século passado, que ondas de alta frequência são capazes de causar essas mutações. Isso ocorre pois, ao atravessarem o corpo elas passam muitas vezes pelo DNA, o que pode acabar por alterar sua estrutura. Já ondas de baixa frequência possuem uma capacidade mutagênica bem menor, pois a chance delas tocarem a estrutura do DNA ao passarem pelo corpo é quase nula.

A rede 5G, apesar de usar uma frequência maior do que as anteriores, ainda assim se enquadra no intervalo das ondas longas. Pela figura, é possível perceber que até mesmo a luz visível emitida por uma lâmpada possui, em teoria, maior capacidade mutagênica do que as emitidas pelo celular.

Um abraço (em especial para a Silvana desta vez) e até a próxima!

Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais.

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Edição: Elis Almeida