Resistência

Programa Bem Viver compartilha experiências de denúncias via música, relatos e estudo

Canção-reportagem, mobilização popular e dados estatísticos entraram na lista das formas de cobrar direitos e justiça

Ouça o áudio:

A música da cantora e compositora Marília Parente está em pauta na edição - Hugo Coutinho / Divulgação
As pessoas continuam a morrer diariamente. Pessoas que sequer fazem parte das estatísticas

O programa Bem Viver desta terça-feira (26) apresenta formas diversas de denunciar injustiças e desigualdades sociais. A abertura da edição aborda o trabalho da cantora e compositora Marília Parente, que lançou a canção-reportagem “Para la Tierra Volver”. 

A música conta a história de camponeses jurados de morte e em situação de conflito fundiário no Engenho Fervedouro, em Jaqueira, na Zona da Mata de Pernambuco.

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A história contada ainda está em curso e transformou a realidade da Zona da Mata Sul de Pernambuco. Uma lista com dez nomes foi divulgada de forma anônima, anunciando a morte de agricultores. 

“É uma indignidade com o trabalhador que vive da terra, que nasceu, cresceu e vai morrer na terra. Não existe justificativa para isso, ainda mais em um terreno que deveria ser desapropriado, porque existe uma dívida ali. E a gente aguarda, enquanto sociedade civil, enquanto cidadãos, a resolução. A gente não pode conviver com esse tipo de violação”, destaca a compositora.  

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O Bem Viver também traz um estudo da ONG Instituto Centro de Vida (ICV), que contabilizou uma coincidência entre destruição da biodiversidade e lucratividade do setor do agronegócio. 

Em 2020, o mesmo período das queimadas históricas de 2020 que atingiu 40% do pantanal mato-grossense também foi marcado por um salto nas exportações de carne bovina no estado.

Mês a mês, o setor do agronegócio mato-grossense totalizou 407,7 mil toneladas exportadas, ou 20,2% do total vendido pelo país, segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).

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Os dois anos do rompimento da Barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), também está em pauta no programa. O crime continua fazendo vítimas todos os dias desde 25 de janeiro de 2019. É o que denuncia Joêlisia Feitosa, atingida na cidade de Juatuba, no leito do rio Paraopeba.

“As pessoas continuam a morrer diariamente. Pessoas que sequer fazem parte das estatísticas, mas que morrem de diversas doenças causadas de forma direta e indireta por esse crime da Vale, pessoas que sentem na pele, que morrem de depressão, muitas tentativas de autoextermínio e muitas doenças causadas por tristeza, porque as pessoas tiveram a sua dignidade abalada”, relata a atingida.

A edição destaca as dificuldade para acesso a água e alimentos entre as pessoas atingidas e as mobilizações sociais para buscar a defesa de direitos populares. 

Coronavírus

Além das atualizações diárias sobre o novo coronavírus, o Bem Viver entrevista a médica de família e comunidade Nathalia Neiva dos Santos, da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares

No quadro a Covid na Semana, Nathalia Santos faz uma análise sobre os desafios que seguem após a aprovação da vacina contra o coronavírus por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 17 de janeiro

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Nathalia Santos afirma que a situação do Brasil é muito complexa. "Nós estamos em maus lençóis. Não é um caos não planejado, não é um caos não organizado. Tem uma política que tem sido mantida. A análise que a gente faz é que a vacina nunca foi prioridade", alerta a profissional.  

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As dificuldades em conseguir doses e matéria prima da vacina contra o coronavírus para toda a população eram previstas há meses, diante da demanda altíssima do mundo todo. O Brasil, no entanto, tem outros empecilhos que jogam contra, o mais grave deles está nas relações diplomáticas estabelecidas pelo governo de Jair Bolsonaro com o resto do mundo. 


Produção da Rádio Brasil de Fato vai ao ar de segunda a sexta-feira / Brasil de Fato / Bem Viver 

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Edição: Daniel Lamir