CIÊNCIAS

A vida se baseia no egoísmo ou na colaboração?

os seres vivos seguem uma lógica colaborativa e a humanidade uma lógica egoísta

Ouça o áudio:

O pesquisador Antônio Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, defende a ideia de que a vida na Terra se baseia na colaboração - Créditos da imagem: Reprodução
Seres humanos podem agir de forma verdadeiramente altruísta?

Meu amigo Léo postou em suas redes sociais um interessante vídeo. Nele, o pesquisador Antônio Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, defende a ideia de que a vida na Terra se baseia na colaboração. Seu argumento é de que um organismo multicelular (como o corpo humano) consiste em um sistema extremamente complexo formado por trilhões de partes que cooperam entre si para manter sua harmonia.

“A linha mestra de funcionamento de um sistema natural é cuidar do próximo. Quando surge um egoísmo no sistema, tem alguma coisa que não está funcionando direito”, afirma Nobre. Exemplo disso seria o aparecimento de uma célula cancerígena, que deixa de colaborar com o todo e passa a fazer mal ao organismo. 

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No final do vídeo, o pesquisador extrapola essa ideia comparando-a com o funcionamento da sociedade atual. Ao contrário, essa se basearia no egoísmo, ao premiar o tempo todo os indivíduos mais competitivos e que pensam somente em seu benefício próprio. Ou seja, os seres vivos seguem uma lógica colaborativa e a humanidade uma lógica egoísta.

Esse vídeo de pouco mais de seis minutos me fez lembrar de um livro bastante importante para quem estuda biologia. “O Gene Egoísta”, do biólogo britânico Richard Dawkins. Nessa obra, o autor defende basicamente a ideia oposta apresentada por Nobre. Para ele, toda a vida na Terra se baseia no egoísmo e o altruísmo real é impossível em termos naturais.

Na conclusão de seu livro, Dawkins afirma que os seres humanos, por possuírem a racionalidade, são os primeiros seres vivos que podem agir de forma verdadeiramente altruísta. Desde que nos esforcemos e nos organizemos nesse sentido.

Você já parou para pensar nessas questões? Acho esse debate interessantíssimo e creio que podemos aprender muito com ele, pois há bons argumentos de ambas as partes.

Contudo, atenção! É sempre importante tomarmos muito cuidado ao transpor teorias das ciências naturais para tentar explicar fenômenos sociais. Não é raro esse tipo de armadilha. A ciência observa um padrão na natureza e os mais afoitos logo afirmam que determinada coisa que acontece em nossa sociedade, em nossas vidas, se dá da mesma forma, segue o mesmo padrão. Não é bem assim…

Eu tenho minha opinião nessa polêmica, mas não vou apresentá-la hoje. Quero saber o que você pensa sobre o assunto! Escreva para gente e conte o que você acha.

Um abraço (especial para o Léo desta vez) e até a próxima!

Edição: Larissa Costa