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Trabalhadores enfrentam momento mais duro em 20 anos

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O percentual necessário para recompor as perdas na data-base seria de 5,53%, que não foi alcançado, segundo o IBGE.
O percentual necessário para recompor as perdas na data-base seria de 5,53%, que não foi alcançado, segundo o IBGE. - Abridor de Latas
Para se ter uma comparação, em 2012, 93% das negociações salariais tiveram aumento real

Um dos índices importantes para medir a situação da classe trabalhadora brasileira em certo período são os dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sobre o número de greves em um ano. É um sinal se o momento é favorável ou não para a ação organizada de pressão dos trabalhadores.

No longo período entre entre 2002 e 2016, houve no Brasil um índice crescente de aumento do número de greves, com pautas propositivas e conquistas salariais com ganhos acima da inflação – sinal da condição econômica e do cenário político favorável.

Desde 2016, porém, as ações dos trabalhadores recuaram. Entre as principais retiradas de direitos que foram decisivas para isso estão a aprovação da terceirização (Lei nº 13.429) e a reforma trabalhista (Lei nº 13.429), ambas em 2017, no governo Temer (MDB), complementado pela reforma da previdência, em 2019, no governo Bolsonaro (sem partido).

Em meio à atual tempestade no país, social, política, sanitária e econômica, outro dado revelador sobre as dificuldades aponta que cerca de 70% das unidades de negociação tiveram reajustes com perdas, abaixo da inflação. O percentual necessário para recompor as perdas na data-base seria de 5,53%, que não foi alcançado, segundo o IBGE.

Ainda de acordo com o Dieese, as negociações na indústria têm melhor desempenho na comparação com as do comércio e serviços; este último apresenta os piores resultados. Para se ter uma comparação, em 2012, 93% das negociações salariais tiveram aumento real, acima da inflação, já em 2015 este número passou para 63%.

A profundidade da crise gera desemprego, subemprego, trabalhos precários e desanima muita gente a procurar algo. No mesmo sentido, é revelador que a parcela formalizada dos trabalhadores também enfrente dificuldades. Com isso, é menos poder de compra, menos dinheiro girando na economia, menos produção. E o governo Bolsonaro não toma medidas contrárias, de incentivo ao trabalho e renda.

Edição: Lia Bianchini