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Mensagem da cozinha comunitária da UMT - carta número 3

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Cada cozinha, cada luta, cada entrega de alimento, cada espaço de sindicato, associação de moradores ou luta pela terra e moradia é a construção do país que queremos - Oruê Brasileiro
Hoje nossa cozinha comunitária caminha ao lado dos sem-terra e da agricultura familiar

No dia 17 de abril de 1996, cerca de 1,5 mil integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estavam acampadas na curva do S, em Eldorado do Carajás, sudeste do Pará, em forma de protesto. O objetivo era marchar até a capital Belém e conseguir a desapropriação da fazenda Macaxeira, ocupada por 3,5 mil famílias.

A caminhada que tinha começado no dia 10 de abril foi banhada a sangue em um ataque da Polícia Militar que ficou conhecido em todo o mundo como o Massacre de Eldorado do Carajás, 24 anos atrás.

A operação policial deixou 21 camponeses mortos.

Hoje nossa cozinha comunitária caminha ao lado dos sem-terra e da agricultura familiar, que fornece alimentos saudáveis para a nossa e tantas outras cozinhas comunitárias e populações, no Paraná e no Brasil, enquanto buscamos um Projeto Popular para o país com acesso a alimentação saudável, produzida pelos trabalhadores, sem agrotóxicos.

Nossa UMT também segue na luta ao lado de usuários, servidores da saúde e conselheiros da saúde identificados com os direitos do povo.

Hoje, a situação de nossas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) é marcada pela sobrecarga dos profissionais, pela ausência de insumos e cilindros de oxigênio, que poderiam ser produzidos em Araucária (PR), mas a fábrica Fafen foi fechada por Bolsonaro no começo de 2020, antes da pandemia.

Vemos no bairro Novo Mundo dificuldades no atendimento a outras doenças crônicas, com várias Unidades de Saúde fechadas, exposição a covid no interior das UPAS, enquanto nossos sindicatos e movimentos populares exigem a construção de um hospital de campanha contra a covid-19.

Seguimos ao lado das famílias da Cachimba, que hoje tiveram no mínimo onze casas destruídas pela prefeitura de Curitiba, em pleno período de pandemia, contrariando o poder judiciário e recomendações de não haver despejo forçado neste momento tão grave.

Mas os governantes não querem dar condições de vida ao povo, querem eliminar o povo trabalhador!

Então, como resistência, cada cozinha, cada luta, cada entrega de alimento, cada espaço de sindicato, associação de moradores ou luta pela terra e moradia é a construção do país que queremos.

 

Edição: Pedro Carrano