Paraná

Coluna

Eles falam em números, nós falamos em vidas

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MST tem se destacado em todo o país pelas ações de solidariedade com a classe trabalhadora - Breno Thomé Ortega
Números não falam de vidas, de sonhos, de famílias, de histórias. Precisamos olhar para além deles

“Tá lá o corpo estendido no chão

Em vez de rosto, uma foto de um gol

Em vez de reza, uma praga de alguém

E um silêncio servindo de amém (João Bosco)”

 

Temos nos acostumado a lidar com números e estatísticas com frequência nos últimos meses... alguns nos agradam, outros, nem um pouco... mais de 14 milhões de casos confirmados e mais de 378 mil mortes pela Covid-19. Somente nas últimas 24 horas, foram incluídos mais 69.381 contaminados (20 de abril)... de outro lado, temos menos de 12,59% da população imunizada.

Já é parte do nosso cotidiano voltar a ver manchetes que pareciam ter sumido de nossas vidas, e da realidade brasileira... pesquisa divulgada na última semana pelo  movimento Food for Justice revela que 125 milhões de brasileiros passam por situação de insegurança alimentar, o que significa 6 em cada 10 domicílios. Pelo menos 31 milhões, ou 15% dos brasileiros, vivem situação de insegurança alimentar grave; 27 milhões de brasileiros (12,83% da população) estão na linha da pobreza... não se trata mais de não comer bem, se trata de não comer. 

Em 17 de abril de 1996, 19 agricultores Sem Terra foram mortos e centenas ficaram feridos, num dos episódios mais violentos e lamentáveis da história da luta pela terra no Brasil, ocorrido no sudeste do Pará: o Massacre de Eldorado dos Carajás. Em 25 anos, nosso luto se transformou em luta.

Neste abril, no Paraná, 13 municípios receberam ações de solidariedade; foram 67 toneladas de alimentos doados, entre diversos tipos de alimentos da reforma agrária, frescos e industrializados, além de 2.100 litros de leite, 100 pães, e 1.100 marmitas. Mais de 6 mil mudas de árvores plantadas. Trabalho voluntário em hospitais e periferias.

Como eu disse, não são números... são vidas... crianças, mulheres e homens que receberam esperança em forma de alimentos. Apoio na forma de uma refeição. Carinho em forma de trabalho.

Temos nos acostumado... não podemos nos acostumar. Números não falam de vidas, de sonhos, de famílias, de histórias. Números são números, precisamos olhar para além deles. Só tem sentido a estatística quando ela é capaz de nos revelar histórias, vidas, corações que batem.

Edição: Pedro Carrano