CLIMA E MENTIRAS

Programa Bem Viver repercute mentiras na Cúpula do Clima

Bolsonaro falou que Brasil tornou agricultura sustentável e promove "revolução verde"

Ouça o áudio:

Cúpula do Clima: "A grana ou ela morre!" - Benett
Movimentos populares fazem carta com 10 pontos para garantir vida da Terra

Convidado a participar da Cúpula do Clima, como era esperado, Bolsonaro mentiu. Disse que seu governo se preocupa com o desmatamento e tem medidas concretas para conter o avanço do aquecimento global. Enquanto isso, o mês passado registrou recorde de derrubada de árvores na Amazônia e a política genocida de liberação ampla de agrotóxicos e nenhuma cautela em relação à covid segue a passos firmes.

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Nesta edição do Programa Bem Viver, confira a análise ampla da participação brasileira no encontro, convocado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, como uma espécie de prévia para a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, em Glasgow, na Escócia, a ocorrer em novembro deste ano.

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Diversos movimentos populares do mundo, dentre eles a Via Campesina - entidade internacional que luta pelos direitos dos povos e trabalhadores do campo - elaboraram um documento entitulado "Carta aos Governadores do Mundo", em que elencam 10 pontos fundamentais para a garantia da vida na Terra.

Dentre os pontos, a proibição do glifosato - agrotóxico extremamente nocivo à saúde humana e ao meio ambiente - e a renda básica universal. O programa conversou com o geógrafo Luiz Arrefe, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

 

Reação de pesquisadores e líderes

Biko Rodrigues, articulador nacional da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), foi um dos líderes a reagir às mentiras. Para ele, Bolsonaro não respeita seu próprio povo. “Sob seu governo, o reconhecimento de comunidades quilombolas caiu ao menor patamar da história”, disse.

“Para nós, sua palavra não tem valor algum e a pandemia nos mostrou seu lado mais sombrio. Seu governo negou aos povos indígenas e comunidades quilombolas o acesso universal à água potável. Este é Bolsonaro, e qualquer acordo com ele está fadado ao fracasso”, denunciou.

:: "O projeto de morte e destruição de Bolsonaro continua o mesmo", diz Sonia Guajajara, coordenadora executiva da Apib ::

 

Hipocrisia e falsidade

O ex-ministro do Meio Ambiente Carlos Minc criticou duramente o discurso. “É muita hipocrisia. Muita falsidade. Há um abismo entre a intenção e a prática devastadora e o discurso adocicado para o mundo achar que ele mudou.”

:: Para Carlos Minc, discurso de Bolsonaro foi cheio de "hipocrisia e falsidade" ::

“O que mais chama atenção no discurso de Bolsonaro é a total contradição entre palavras e os fatos. Parece que é um outro Bolsonaro. Faz tudo ao contrário do que está dizendo. Ele desmontou os órgãos ambientais todos, o Ibama, o ICMBio e até tirou o chefe da Polícia Federal do Amazonas, Alexandre Saraiva, que fez a maior operação de desmatamento, e agora está dizendo que quer fortalecer”, afirmou Minc.

 

Ar mais poluído, só que não

O Bem Viver também dá destaque a uma decisão do Ministério Público Federal em São Paulo, que arquivou o pedido da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) para prorrogar os prazos da nova fase do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), prevista para começar em 2022.

Esta é uma das políticas para a melhoria da qualidade do ar mais antigas do Brasil: define limites de emissão de poluentes e estabelece etapas para adequação das fabricantes desde a década de 1980, de acordo com os avanços tecnológicos do setor. No pedido ao MPF, a Anfavea alega impossibilidade de cumprimento da nova fase pela interrupção das atividades com a crise sanitária.

"É nítido que os fabricantes de veículos pesados, contavam com um prazo total de mais de quatro anos para se prepararem para o atendimento obrigatório das novas fases de pesados", afirma a a procuradora Suzana Fairbanks Schnitzlein, na decisão.

:: Indústria automobilística tentou ampliar os prazos, mas MP barrou ::

A próxima etapa do Proconve pode diminuir em mais de 80% as emissões de poluentes por ônibus e caminhões no Brasil. A mudança prevê redução considerável do chamado de material particulado, a partir de filtros instalados nos veículos a diesel.

Considerado um dos mais danosos ao organismo humano, o material particulado está associado ao câncer de pulmão, câncer na bexiga, derrame cerebral, dentre outros males.

 

 

Edição: Morillo Carvalho