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Coluna

A fraternidade humana no planeta da informação

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"É direito de quem informa tomar partido e declarar suas preferências ideológicas e sociais" - Foto: Coletivo Pedagroeco
É indispensável e urgente que os meios de comunicação sejam livres e democráticos. 

Em meio a tantas datas comemorativas destes dias, como o Dia da Mãe Terra e Dia internacional da classe trabalhadora, poderia parecer pouco relevante que a ONU tenha consagrado o 03 de maio como “Dia Internacional da Liberdade de Imprensa”. Quantas questões envolvidas nesta proposta!

No Brasil e em outros países, a liberdade de imprensa continua cerceada, seja pelo poder político de índole totalitária, seja principalmente pelo poder econômico dos grandes conglomerados que fazem da comunicação a arma para concentrar mais poder e obter mais lucros. 

Em todo o mundo, mais de 80% das agências de notícia pertencem a grandes empresas que controlam, ao mesmo tempo, redes de informação, companhias petrolíferas e indústrias de armas. O domínio econômico impõe um controle quase total sobre as informações que a sociedade recebe. 

Os meios de comunicação têm se tornado armas mortíferas e certeiras usadas pelos impérios para destruir governos progressistas e projetos de emancipação política de países que não lhes agradam. O governo norte-americano gasta milhões de dólares para que, diariamente, em todos os países, se publiquem notícias negativas em relação ao governo da Venezuela. Esta guerra de 4ª geração é mais barata e eficiente do que a convencional. 

No Brasil, a imprensa hegemônica é propriedade de poucas famílias que, em cada região, controlam jornais, rádios e televisões. A produção de notícias falsas já elegeu até presidente da República. Todo mundo sabe que a rede da família Marinho promoveu um juizinho do interior a falso herói nacional. Serviu-se amplamente dele para destruir a democracia e possibilitar a entrega de todas as riquezas nacionais a empresas estrangeiras. Garantiu a vitória da barbárie para o governo do país. Quando a farsa já não lhes convém, descarta-se o juiz e se dá a impressão de tomar a defesa do povo. 

É direito de quem informa tomar partido e declarar suas preferências ideológicas e sociais. Basta que isso seja claro, até para favorecer o debate e a pluralidade de opções. Embora pertença a uma empresa particular, um meio de comunicação social é sempre serviço público. Deve cumprir sua tarefa sem ser subjugado a interesses privados.

Em sua mensagem para o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais que ocorrerá no domingo 16 de maio, o papa Francisco apontou para os riscos de uma comunicação social que não tenha controles, diante da expansão das chamadas ‘fake news‘. O papa afirmou: “A consciência crítica nos obriga a cuidar para termos sempre maior capacidade de discernimento”.(...) “Todos somos responsáveis pela comunicação que fazemos, das informações que damos, do controle que, juntos, podemos exercer sobre as notícias falsas, desmascarando-as. Todos estamos convocados a ser testemunhas da verdade”, completou. “É necessário um jornalismo  “valente”, com coragem para ir de encontro às pessoas e às histórias de vida”. 

Quem é cristão se lembra: a palavra de Deus nos vem através do “evangelho”, termo grego que significa boa notícia, informação verdadeira e libertadora, a respeito do projeto divino no mundo. Independentemente de serem ligados ou não a uma religião, serão notícias evangélicas se servirem a um projeto de mundo mais justo e fraterno. Para isso, é indispensável e urgente que os meios de comunicação sejam livres e democráticos. 

As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do jornal

Edição: Vanessa Gonzaga