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A esquerda retomou a maioria nas ruas

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"No dia 3 de julho iremos às ruas novamente, unidos pela tarefa principal que é derrubar o fascismo" - Jorge Leão
Temos uma chance de partir para ofensiva que não pode ser desperdiçada com a divisão dos atos

Bandeiras de todas as cores foram às ruas em maior número de cidades e em quantidade de pessoas no dia 19 de junho pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Mais do que só tirar um presidente, é o levante da liberdade contra o autoritarismo, colocando o projeto neofascista em uma situação, no mínimo, mais desconfortável do que já esteve.

A compra de vacinas Covaxin superfaturadas é mais um indício da corrupção miliciana deste governo. Provas não faltam. Na verdade, elas não param de aparecer. Mas Bolsonaro não está paralisado, segue montando a estratégia e narrativa golpista de quem não vai aceitar perder nem nas ruas, nem nas urnas. Sabemos, portanto, que não podemos ter apenas uma estratégia eleitoral e que o inimigo não joga dentro das regras democráticas.

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A retomada das ruas liderada pelo movimento negro no dia 13 de maio só tem se fortalecido desde então, porque tem contado com a adesão de cada vez mais setores da esquerda e garantido um caráter unitário. Qualquer tentativa de divisão da frente única pelo Fora Bolsonaro coloca em risco não apenas a dinâmica de fortalecimento dessa mobilização e de desgaste do governo, mas também a liderança da esquerda organizada e da ação direta na oposição à Bolsonaro.

Além da nossa segurança política em meio a um governo que não mediria esforços para criminalização, retaliação e censura de ativistas e organizações. Seja pela força do próprio Estado ou das forças obscuras que movimenta.

A esquerda tem a tarefa de apresentar um programa de futuro a ser gestado com a garantia de direitos sociais, que não é o programa da oposição de direita

O que quero dizer com isso é que a esquerda, depois dos atos do Ele Não, conseguiu fazer uma movimentação que, hoje por hoje, mobiliza mais as ruas do que Bolsonaro. Mas o mais importante: o governo segue de pé e aplicando sua política genocida, destruindo instituições e mobilizando o ódio e a violência. Temos uma chance de partir para ofensiva que não pode ser desperdiçada com a divisão dos atos.

Fomos centenas de milhares, precisamos de milhões! O que nos move é o impeachment e todos os setores de oposição devem aderir aos atos, mas a esquerda tem a tarefa de apresentar um programa de futuro a ser gestado com a garantia de direitos sociais, que não é o programa da oposição de direita. Como provaram diversas votações no Congresso Nacional, como o entreguismo da privatização da Eletrobrás.

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Somos pela derrubada do absurdo Teto de Gastos, pelo combate à fome, pela educação, pelo pleno emprego, pela ciência a serviço do povo. Somos mulheres negras, indígenas, periféricas e para nós a luta é sobrevivência. Os golpistas já estão há cinco anos no poder, precisamos reverter as políticas de retrocesso em todos os níveis.

Neste mês que completamos oito anos das jornadas de junho de 2013, precisamos refletir sobre nossos acertos e erros com muita responsabilidade. Queremos multidões nas ruas novamente na luta por direitos, mas desta vez com um programa, organização e direção política. Disputas são normais e saudáveis, mas o encontro de gerações e de diferentes setores que vimos nas ruas pode ser a chave para uma saída pela esquerda da crise política, econômica e social.

O desafio também segue sendo garantir a segurança sanitária das manifestações, movimentar pelas redes sociais quem não puder ir e garantir as mobilizações pelas bases dos territórios, bairros, locais de trabalho e estudo. No dia 3 de julho iremos às ruas novamente, unidos pela tarefa principal que é derrubar o fascismo!
 

Edição: Larissa Costa