meio ambiente

Programa Bem Viver debate riscos de novos incêndios no Pantanal

Ambientalista aponta que seca este ano começou mais cedo que em 2020, quando 30% do bioma foi destruído pelo fogo

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Em 2020, Pantanal e Amazônia registram recorde de queimadas
Em 2020, Pantanal e Amazônia registram recorde de queimadas - Bruno Kelly/Amazônia Real
Os responsáveis pelos incêndios precisam ter prejuízo econômico, pagando pela recuperação ambiental

Com secas mais agudas e intensa neste ano em comparação ao ano passado, ambientalistas temem o risco de novos incêndios no Pantanal, que em 2020 teve 30% da sua área destruída por queimadas. Especialista entrevistada na edição de hoje (29) do Programa Bem Viver reforça que é fundamental que governos federais e estaduais invistam dinheiro em planos e estratégias de contenção do fogo, antes que risco aumente ainda mais.

“No ano passado, o período seco foi mais severo que o normal e este ano isso está se repetindo”, disse a ambientalista Sueli Araújo, ex-presidenta do Ibama e membro da organização não-governamental Observatório do Clima. “Temos no Brasil o hábito de limpar terreno para agricultora com fogo. A legislação só permite se tiver autorização, mas isso é pouco fiscalizado. Quando a região está seca, fogo se espalha por áreas protegidas e reservas indígenas.”

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Para evitar o problema, uma das soluções é implantar políticas efetivas de manejo do fogo e cobrar economicamente os responsáveis pelos incêndios, além de aplicar penas como caráter de serviço comunitário, defende Sueli.

“Nós precisamos chegar antes do fogo. É possível, por exemplo, fazer aceiros [áreas sem vegetação] nas bordas das unidades de conservação para se o fogo chegar até lá não se expandir. Além disso é preciso fazer educação ambiental nas comunidades e treinar brigadistas”, disse. “o mais importante é fazer os responsáveis pagarem pelo crime ambiental. É preciso responsabiliza-los civilmente, obrigando-os a reparar o dano e isso o Brasil faz pouco. Os responsáveis precisam ter prejuízo econômico pagando pela recuperação ambiental da área.”

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Até agora, as investigações sobre os incêndios do ano passado no Pantanal avançaram pouco. Há evidências que apontam que a destruição de milhões de hectares ocorreu por atuação humana intencional. Há suspeitas que a ação tenha o intuito de facilitar a abertura de áreas para produção de gado ou plantação de soja e outras commodities.

“O Pantanal não é uma região como o Cerrado, em que o fogo faz parte da dinâmica do bioma. O pantanal é úmido, então é como na Amazônia: se pega fogo é porque alguém colocou”, concluiu.

Mobilização popular

Movimentos populares adiantaram manifestações contra o governo federal. A Campanha Fora Bolsonaro definiu que o próximo ato será neste sábado (3), em diversas cidades do Brasil, cada uma em horário e em local específico.

Amanhã (30) será entregue pela campanha um pedido de impeachment unificado contra o presidente, em Brasília. Na quinta-feira (1) será realizada uma plenária nacional do Movimento Fora Bolsonaro.

As recomendações para os participantes dos atos são de manter distância durante os protestos, que ocorrem em espaços abertos, como avenidas e praças, e que por isso permitem que as pessoas ficarem a pelo menos 1,5 metro umas das outras.

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É fundamental ir de máscara, lembrando que o ideal é usar equipamentos de proteção adequados, como as máscaras PFF2 ou outras com selo do Inmetro. Além disso, importante levar mais de uma máscara para trocar, caso a previsão seja ficar mais de 3 horas no ato.

Pesca da tainha

A pesca artesanal de tainha, tombada como patrimônio imaterial de Santa Catarina, é uma prática que atravessa gerações e que garante o sustento de diversas famílias, em especial durante o inverno, época de pegadeira do peixe.

"É uma forma de viver. A gente espera o ano todo os meses de maio e junho. Envolve tanta gente, que a maioria das pessoas nativas daqui deixam para tirar férias não no verão mas no inverno, para pescar tainha", conta o pescador Hugo Adriano Daniel, que desde criança se envolve com a prática na comunidade do Campeche, no Sul de Florianópolis.

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O “laço da tainha”, como é chamada a pesca da espécie na região, envolve sair ao rancho diariamente e ficar à espera dos cardumes. Quem os avista são os chamados “olheiros”, que ficam de vigia no alto das dunas de areia.

A partir daí a calmaria dá lugar a agitação: os pescadores correm para empurrar o barco no mar e lançar a rede, contornando o cardume para depois puxá-lo em mutirão.

Uma curiosidade é que a tradição da pesca da tainha no Campeche tem laços com a literatura: a comunidade de pescadores é marcada pela passagem do escritor francês Antoine de Saint Exupéry, autor do clássico “O Pequeno Princípe”, que construiu amizades com os pescadores nativos, como Manoel Rafael Inácio, o Seu Deca, que apelidou carinhosamente o francês de Zé Perri.

Exupéry era chefe da companhia francesa de correspondências Aeropostale, e usava a praia do Campeche como ponto de parada para os pilotos, entre as décadas de 1920 e 1940.


Produção da Rádio Brasil de Fato vai ao ar de segunda a sexta-feira / Brasil de Fato / Bem Viver

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Edição: Sarah Fernandes