cultura

Programa Bem Viver debate impactos da pandemia nas tradicionais quadrilhas juninas

Quadrilheiros lançam mão de apresentações online e rodas de conversa para manter viva a tradição centenária

Ouça o áudio:

Há dois anos, quadrilhas ficam impossibilitadas de se apresentarem ao público devido à pandemia - Prefeitura Municipal de Petrolina
As quadrilhas preservam a cultura popular e geram emprego e renda

Além de serem uma forma de preservar e valorizar a cultura popular brasileira, as quadrilhas matutas, ou quadrilhas juninas, são também uma fonte de trabalho, renda e oportunidade para as comunidades mais pobres, que prestam diferentes tipos de serviços para a realização do evento. Com a pandemia e a paralisação das atividades presenciais, organizadores de quadrilha precisaram se reinventar para manter a festa e fortalecer as comunidades.

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“As quadrilhas vão além de uma dança. Elas preservam a cultura popular, geram emprego e têm papel social importante na comunidade. Trabalhamos com adolescentes para que se profissionalizem no processo artístico. Toda a produção desde o marceneiro até o coreografo, passando pelas costureiras e bordadeiras, é feita nas comunidades”, diz o quadrilheiro de carreira Verison Fidelis, que é presidente da Quadrilha Junina Evolução, de Recife, em entrevista a edição de hoje (7) do Programa Bem Viver.

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Desde o começo da pandemia, todo o trabalho teve que ser adaptado para modelos virtuais. O grupo tem realizado lives e encontros online com quadrilheiros de outras partes do país, para trocar informações e experiências.

“Sofremos um impacto muito grande com a pandemia, inclusive financeiro, porque não tivemos apresentações com cachês nem competições. Todo esse dinheiro era investido na própria quadrilha”, diz. “O processo começa assim que acaba o São João. Em julho a gente descansa e em agosto já começamos a planejar o espetáculo do ano que vem. É um longo processo, no qual temos poucos apoios. Estar sem o São João para o quadrilheiro é muito triste.”

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Diz a tradição que as quadrilhas têm origem nas danças populares da Inglaterra, muito frequentes na nobreza europeia. O costume chegou ao Brasil com a Corte Portuguesa, ainda no século 19 e com o tempo, se tornou comum em áreas rurais, como uma forma de agradecer a colheita e celebrar os santos São João, São Pedro e Santo Antônio.

Comer: ato político

“Comer é um ato político” Essa frase é cada vez mais popular e traz consigo toda uma reflexão sobre a origem dos alimento, que é discutida em reportagem do Programa Bem Viver. Para serem produzidos, os alimentos necessariamente passam por um processo de plantio, cuidado, colheita e distribuição e todas elas envolvem disputas políticas.

Para um agricultor plantar o tomate que vai vender para o mercado, ele precisa de terra e de condições para trabalhar. No entanto, especialistas reforçam que, no Brasil, ter o espaço de plantio nunca foi algo simples já que, desde a colonização, o país vive um processo de concentração de terras, que permanece até hoje.

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Como resultado, famílias de agricultores precisam disputar o direito a terra com empresas gigantes do agronegócio, que são donas de grandes latifúndios. E nessa disputa, estão envolvidas questões como uso de agrotóxicos, violência no campo e disponibilidade de água.

Todo esse histórico está presente no o alimento que você compra no mercado, ou a refeição que você come em um restaurante. Um legume pode ter sua origem relacionada a conflitos por terra ou pode ser resultado da luta de uma família que conseguiu direito à terra depois de décadas, e agora tem trabalho e renda garantidos.

Militarização da Amazônia

O governo de Jair Bolsonaro (sem partido) deu um protagonismo inédito para as Forças Armadas na Amazônia, em especial nas ações de combate ao desmatamento.

Desde 2019, duas operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ambientais, chamadas Verde Brasil 1 e 2, foram realizadas no bioma. A última, que durou quase um ano, terminou em abril, mas a presença militar foi prorrogada em localidades mais devastadas até, pelo menos, 31 de agosto.

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Os dados, no entanto, demonstram que essa estratégia não deu resultados efetivos: em 2019, a devastação na Amazônia teve o maior aumento proporcional do século, chegando a 34%. Em 2020, a área desmatada superou os 10 mil km2, maior total desde 2008. Em dois anos de governo Bolsonaro, a floresta perdeu 21 mil km2, o equivalente a todo o estado de Sergipe, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

“Não adianta enviar militares para Amazônia e conduzir uma política de favorecimento do crime, congelando multas ambientais, liderando exportação ilegal de madeira, auxiliando grileiros de terra e garimpeiros ilegais a atuarem em áreas protegidas”, afirma o ambientalista Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

Riscos de contágio por Covid-19

Terminais de transporte público são as regiões com mais risco de contágio pelo novo coronavírus, segundo uma pesquisa produzida pela Fiocruz de Pernambuco.

A instituição realizou testes tipos PCR em corrimãos, maçanetas de portas e caixas eletrônicos em diferentes locais públicos. Nas estações de ônibus, metrô e trem mais da metade das amostras tiveram resultado positivo para o novo coronavírus, maior média registrada.

Na sequência, os locais de maior contágio foram os arredores de hospitais e locais de lazer, como praças e barracas de praia.

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Para prevenir o contágio é fundamental usar máscara a todo momento e higienizar recorrentemente das mãos, com sabão ou com álcool em gel. Caso seja possível, a indicação é utilizar as máscaras modelo PFF2, que oferecem uma proteção maior contra o coronavírus.

Outra dica é redobrar a proteção em banheiros públicos, que são locais de muito contágio. Por isso é fundamental permanecer de máscara o tempo todo, evitando inclusive escovar os dentes em banheiros públicos.


Produção da Rádio Brasil de Fato vai ao ar de segunda a sexta-feira / Brasil de Fato / Bem Viver

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Edição: Sarah Fernandes