Sérgio Camargo

Fundação Palmares abre edital para criação de novo logo para excluir machado de Xangô

Jornal Brasil Atual também traz o resumo da sessão da CPI da Pandemia, que recebeu o empresário José Ricardo Santana

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Militantes do movimento negro protestam na Fundação Palmares, em Brasília - 29 de novembro de 2019 - Cedefes

Sérgio Camargo, presidente da Fundação Cultural Palmares desde dezembro de 2019 determinou mais uma polêmica mudança no órgão. Foi lançado um edital aberto para brasileiros natos ou naturalizados, maiores de 18 anos e residentes no Brasil, para escolha dos novos logotipo e logomarca da Instituição, que substituirá o símbolo do machado de Xangô. 

O novo logo, segundo o edital, deve conter formas e cores que remetam única e exclusivamente à nação brasileira. Douglas Belchior, professor de história e membro da UNEAfro Brasil e Coalizão Negra por Direitos, explica o significado do machado de Xangô. Segundo Belchior, Sérgio Camargo nega a contribuição histórica da população negra como fator determinante para a formação do Brasil.

"Xangô, o orixá da luta e da justiça carregou o machado de duas faces, que corta para os dois lados, que representa o equilíbrio da justiça. O presidente da Fundação Palmares nega, rejeita a contribuição histórica da população negra como fator determinante pra formação do Brasil. Ele nega que elementos da cultura africana possam representar e simbolizar o povo brasileiro porque ele discorda e demoniza esse vínculo. Ele deseja romper esse vínculo, mas jamais vai conseguir concretizar, porque não existe Brasil sem população negra, sem África".

No site da Fundação Palmares, está escrito que em agosto de 1988, o Governo Federal fundou a primeira instituição pública voltada para a promoção e preservação dos valores culturais, históricos, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira.

Angela Fileno, historiadora com especialização em Relações Afro-Atlânticas, afirma que o presidente da Fundação não sabe o que diz quando se refere a criação de um símbolo que remeta “única e exclusivamente à nação brasileira”
Para a historiadora, as pessoas que estão na gestão do Brasil atualmente, "são pessoas com ideologia eugenista, que querem invisibilizar a população negra".

Douglas Belchior afirma que a Fundação Palmares é um espaço que precisa ser protegido e não pode ser moldado a partir dos ideais políticos de cada governo.

*Com informações de Larissa Bohrer da RBA. 

Confira a reportagem e o jornal completo com todos os destaques do dia, no áudio acima. 


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Edição: Mauro Ramos